blindness_01.jpgJá disse aqui que sou fã de Fernando Meirelles há muito tempo. É talvez o melhor cineasta brasileiro de sua geração e um dos melhores do mundo na atualidade. Seu filme mais recente, “Blindness” (foto), baseado no livro “Ensaio sobre a Cegueira”, do português José Saramago, foi aclamado na semana passada no Festival de Cannes, como já tinham sido, em várias partes do mundo, seus dois anteriores: “O Jardineiro Fiel”, que até ganhou um Oscar, e o genial “Cidade de Deus”, para mim o melhor filme brasileiro de todos os tempos.

Na Folha de S.Paulo de anteontem, Meirelles nos dá mais um motivo para admirá-lo – não só quanto ao seu talento, mas quanto a sua cabeça. Num artigo exclusivo para o jornal, ele narra sua emoção ao mostrar o filme para Saramago, em Lisboa. Fiquei emocionado ao me colocar no lugar de Meirelles, levado pelo texto (leia aqui). Viajei no tempo, lembrando dos momentos em que, como repórter, me vi frente a frente com figuras quase mitológicas, como Elis Regina, Pelé, B.B.King, Mario Covas e Bernardo Bertolucci – ídolos que tive o privilégio de entrevistar quando estavam no auge de suas respectivas carreiras.

Voltando a Meirelles, ainda não vi seu filme, mas já gostei (este é o link para o trailer). Não sei se ganha em Cannes, mas não importa. Embora não seja particularmente fã de Saramago – é, com certeza, um dos escritores mais depressivos da atualidade – estou ansioso para ver “Blindness”. O relato do encontro entre escritor e cineasta faz de ambos duas figuras admiráveis mais ainda.

A propósito, Meirelles mantém na web um blog que, nos últimos meses, se transformou em “Diário de Blindness”, contando detalhes sobre o imenso trabalho de produção e finalização do filme, as reações na imprensa e o tanto de sua própria vida que ele dedicou a esse projeto. Vale a pena conferir. Não tem nada da autobajulação que é comum nesse tipo de blog, ao contrário, são verdadeiras confissões de um homem/artista que trabalha sobre suas limitações (inclusive as de viver num País onde o talento verdadeiro raramente é reconhecido) e quer sempre atingir o máximo potencial criativo.

Parabéns, Fernando.

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