O governo francês anunciou ontem um pacote de 600 milhões de euros para ajudar empresas jornalísticas em dificuldades. Parece que virou moda: bancos, montadoras de automóveis, siderúrgicas… todo mundo aproveita a desculpa da crise para pedir socorro aos cofres públicos. Como se vê, não é só no Brasil.

O problema é que estamos falando de mídia. O pacote inclui, por exemplo, 100 milhões de euros em publicidade oficial nos sete principais jornais franceses. E nenhum governante resiste à tentação de comprar a mídia. Segundo o jornal Le Monde, o presidente Nicolas Sarkozy afirmou: “Espero que essa ajuda não seja entendida como um atentado à independência dos jornais”. Infelizmente, presidente, será sim. Vai ser difícil alguém ler uma notícia favorável ao governo e não desconfiar.

O único consolo – se é que posso usar essa palavra – é que tudo está sendo feito à luz do dia, com a possibilidade da opinião pública fiscalizar, inclusive usando para isso a força da internet. No Brasil, sabe-se que existem vários jornais e revistas “comprados” pela publicidade oficial, mas tudo corre nos bastidores. E, com exceção deste ou daquele blog, funciona uma espécie de pacto de autoproteção, em que nenhum veículo comenta as falcatruas do outro. O resultado são as tais pesquisas que medem os índices de popularidade dos governantes, sempre em alta.

Como sempre, cabe ao leitor ficar mais e mais atento.

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