Detesto ter que falar de política, mas sou obrigado a citar mais uma vez meu colega Ethevaldo Siqueira, de O Estado de S.Paulo, que neste domingo expressou boa parte do que penso a respeito da disputa entre o Ministério das Comunicações e a TV Cultura de São Paulo. Tudo não passa, na verdade, de briga política em função das eleições do ano que vem.

Para quem não acompanhou o noticiário das últimas semanas: a TV Cultura quis ser a primeira emissora brasileira a transmitir multiprogramação, aproveitando a banda de sinal digital. Criou dois canais alternativos – um voltado para universidades e outro dedicado a espetáculos culturais – e os colocou no ar, acreditando que, como diz o decreto do presidente Lula de criação do Sistema Brasileiro de TV Digital, estava autorizada a isso. Aí, veio o ministro Helio Costa e ameaçou tirar a emissora do ar se ela insistisse com os dois canais. Seu argumento: somente emissoras públicas federais é que podem fazer uso da multiprogramação, estaduais não!!!

Ora, ora, a multiprogramação era um dos maiores atrativos do padrão brasileiro, segundo dizia o próprio ministro (isso mesmo: com “m” minúsculo) quando lançou a TV Digital. Só que Helio Costa defende o governo do PT, que já tem candidato (ou melhor, candidata) ao Palácio do Planalto em 2010; a TV Cultura é mantida pelo governo do Estado de São Paulo, cujo titular será – quase com certeza – candidato da oposição.

Está tudo explicado. O telespectador, que é também contribuinte e portanto paga os salários deles todos, que vá reclamar com o Papa.

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