Terminou da pior maneira possível o projeto de televisão do Grupo Abril. Depois de tentar, por meses a fio, entrar na grade da Net e da Sky, sem sucesso, a empresa decidiu suspender as transmissões dos canais FizTV (o primeiro do País produzido a partir de conteúdos gerados pelos telespectadores) e Ideal (especializado em negócios). Não houve acordo com as duas maiores operadoras de TV paga, ambas pertencentes às Organizações Globo, que pelo visto não quiseram abrir uma brecha sequer para que a Abril crescesse no setor de TV (é bom lembrar que a Abril é sócia da Telefonica na TVA, concorrentes diretas da Sky e da Net).

O ruim é que os dois projetos da Abril são interessantes e mereciam maior atenção. O FizTV é um meio termo entre canal de TV e rede de relacionamento, algo como um “YouTube na TV”. Para quem acha que as duas mídias – TV e internet – irão cada vez mais convergir entre si, poderia ser uma boa aposta para o futuro. Já o Ideal abre espaço para as empresas, os executivos e pessoas que buscam expandir seus horizontes profissionais. Talvez ambos os canais estejam ainda à frente de seu tempo, ou seja, eventuais anunciantes e patrocinadores, que poderiam viabilizá-los, não se convenceram de que esse tipo de proposta dê retorno.

De qualquer maneira, o fato de a Abril ter desistido deles não significa que não podem dar certo mais à frente. “Quando começamos, não imaginávamos que o mercado seria tão fechado”, lamentou-se o diretor dos canais, André Mantovani, em entrevista ao Tela Viva. Sim, é fechado, e muito. A falta de competição – mais do que isso: as barreiras a qualquer tipo de concorrência – é uma característica da televisão brasileira, e mais ainda na TV paga. Deveria ser o contrário: quando se compra uma assinatura, recebe-se uma infinidade de canais empacotados, sem que o assinante tenha opção. Por que, então, não abrir de vez esses pacotes, dando ao telespectador a liberdade de escolher o que quer ver?

A pergunta fica no ar. Literalmente.

3 thoughts on “TV Abril fora do ar

  1. Essa gente não pesquisou a história da TV neste país, nem a maneira como concorrentes foram derrubados à base de rasteiras de tudo quanto era tipo. Não foram poucas as vezes que se viu uma emissora contratar artistas e programas da outra, esvaziando assim a programação dessa outra. Quando a Tupi já estava em plena decadência, eles ganharam uma inesperada audiência com o seriado americano “O homem de seis milhões de dólares”. De repente, o seriado acabou. Disse um amigo meu que conhecia gente da Globo, que um deles lhe garantiu que a Globo tinha comprado a nova série toda, para impedir o uso pela Tupi. Se isso foi verdade ou não, o fato é que, quando a Tupi fechou, por ato da ditadura, muita gente por aí afirmou que tinha dedo da Globo nisso! Aliás, o fechamento de emissoras como Excelsior e Tupi foram cercados de suspeitas políticas dos mais diversos matizes!

    A propósito do Ideal, eu não entendi até agora, sendo esta uma emissora de assinatura, o que é que ela está fazendo no canal 33.2 da TVD aberta. Se a Abril tem direito de transmitir no canal 33, porque não fazê-lo com o resto das suas emissoras?

  2. Aqui na minha casa no meu conversor pega esse canal “Abril” no 33.01, só que nada até agora, fica sem sinal ou com uma imagem “misturada” podemos dizer assim.

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