lei_gersonA discussão dos últimos dias sobre preços me fez lembrar a velha Lei de Gerson, aquela que dizia “brasileiro gosta de levar vantagem em tudo, cerrrrto”? Virou sinônimo de esperteza, e o anúncio que lhe deu origem está até no YouTube. Um leitor se gaba de ter trazido (não diz de onde) um Blu-ray player da marca Oppo por meros 500 dólares. Este é um dos aparelhos mais elogiados ultimamente pela imprensa especializada internacional – o distribuidor brasileiro se nega a nos fornecer para teste, não sei por quê. De fato, é uma pechincha. E, se for questionado, é bem capaz de esse leitor “esperto” dizer que não se importa se, por acaso, o aparelho travar ou apresentar algum defeito – afinal, custou “só” 500 dólares!!!

Não preciso repisar aqui a velha ladainha de que é sempre mais seguro comprar eletrônicos diretamente do fabricante ou do distribuidor autorizado, com a devida garantia por escrito, coisa que logicamente não se consegue comprando no Exterior. Não se trata de condenar essa prática, pura e simplesmente; eu mesmo já trouxe produtos em viagens – em alguns casos, funcionaram perfeitamente; em outros, acabei tendo prejuízo. A questão é, como diz um outro leitor, querer comprar Ferrari pelo preço de um Corsa. É a chamada “esperteza” brasileira. Tenho conhecidos que agem exatamente assim. Gostam de levar (e contar) vantagem em tudo. Só não contam quando, por algum motivo, o plano dá errado.

O fato é que vivemos num país (ainda) pertencente ao Terceiro Mundo, com um governo que cada vez mais quer nos espoliar cobrando impostos abusivos. Qualquer empresário sabe quanto isso custa; o consumidor às vezes não sabe, ou não quer saber, preferindo dizer que as empresas “roubam”. Um aparelho comprado nos EUA, por exemplo, a 500 dólares não vai sair no Brasil por menos de R$ 2.000, considerando tudo que o importador tem de pagar, se quiser trabalhar dentro da lei (tudo bem, lei é o que menos importa para muita gente…): imposto de importação, IPI, ICMS, frete, taxas alfandegárias etc.; sem falar que, para fazer isso, terá de aplicar uma margem de lucro, ainda que seja mínima. É só fazer as contas.

Não, é melhor todos irmos para Miami (ou talvez Paraguai, que é mais perto) e trazer tudo de lá. Cerrrrto?

4 thoughts on “Levando vantagem em (quase) tudo

  1. Nossos políticos são frutos de nossa sociedade. Escolhemos quem nos governa coforme vemos o mundo e fomos criados.

  2. Orlando, eu comprei o meu diretamente do fabricante, e conheço uma pessoa que também comprou pelo site, deu problema, enviou para a Oppo e o mesmo foi devidamente consertado sem maiores dores de cabeça.

    Se quiser testar o meu, está a disposição, ainda nem tirei da caixa, pois estou aguardando o término de minha casa.

    Abraços

  3. Caro Dener, obrigado pela oferta. Mas achamos que é obrigação do fabricante ou distribuidor fornecer os produtos para teste. Acho que eles não querem mesmo divulgação. Abs. Orlando

  4. O Brasil é o país da inversão de valores. O Brasileiro fala mal de políticos ladrões mas adoram dar dinheiro para quem rouba NET, traz muamba do Paraguai e adultera gasolina, porque os políticos não prestam mas o cidadão que os criticam está fazendo algo “para economizar seu suado dinheirinho”, já que a culpa é sempre do governo. No nosso mercado, as lojas especializadas que querem trabalhar honestamente dão quase 40% do que vendem ao governo, 70% (ou mais) para os fabricantes/distribuidores que impõem por quanto o produto deve ser oferecido e ainda pagar funcionários e despesas de suas lojas que ficam entre 10% e 20% do que vendem. Quanto sobrou? Não sobrou… Faltou!!! Mas os muambeiros que não dão nada ao governo, suas compras não custam 50% do valor da venda, não geram emprego e nem tem compromisso do mercado, são os queridinhos dos consumidores porque além de cobrarem menos, na hora do aperto dão descontos fantásticos. Por outro lado temos fabricantes de TV que impõem o preço de venda, dão a vida (para não dizer outra coisa!) para as grandes redes de lojas que os apertam, os espremem mas compram 90% do estoque e o que sobra eles jogam para o mercado especializado que é atendido por vendedores com má vontade, de mal com a vida e azedos onde mesmo assim temos que agradecer por podermos comprar deles. A solução? Comprar muamba e levar vantagem, pois também somos brasileiros.

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