Lembro que, nos anos 80, quando o presidente da República chamava-se José Sarney e eu trabalhava no jornal O Estado de S.Paulo, nas conversas de redação nos referíamos a ele como “o homem do bigode”. Era o início da redemocratização, a chamada Nova República, após 21 anos de ditadura, e Sarney – embora nos bastidores soubéssemos de sua longa folha corrida de casos de corrupção no Maranhão – até que era visto com certa simpatia. Afinal, melhor ele do que um general qualquer.

Como se sabe, Sarney não é hoje das figuras mais populares do País, pois suas falcatruas e as de seus familiares tornaram-se conhecidas de todos. Num país sério, não só estaria fora da política como teria lugar certo em algum presídio! Bem, mas estamos na “novíssima República”, certo? E, nesse ambiente, há lugar para coisas como um documentário intitulado “José Sarney – Um Nome na História”. Exibido recentemente pela TV Senado, chega agora ao DVD, com centenas de cópias sendo distribuídas gratuitamente a parlamentares, empresários e quem mais se interessar. O custo da produção: meros R$ 650 mil. E, se você quiser saber quem pagou, basta olhar no espelho. O filme foi patrocinado pela Eletrobrás, cujo presidente, ora vejam, é Antonio Muniz Lopes, indicado por Sarney e nomeado por Lula.

Os detalhes são relatados aqui. Mas, se você quiser ter mais prazer ainda e assistir a trechos da obra, visite o blog de Fernando Rodrigues, da Folha de São Paulo, um dos melhores jornalistas políticos do País. É quase tão bom quanto “Lula – O Filho do Brasil”.

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