“Vivemos na Escandinávia e não sabíamos”, diz a antropóloga Livia Barbosa, autora de ‘O Jeitinho Brasileiro’, livro que analisa o comportamento ético de nosso povo ao longo da História. Ela diz que a maioria das pessoas aqui pensa corretamente sobre o assunto, mas na prática age ao contrário do que pensa. Curioso, não?

A autora é citada em reportagem recente da Folha de São Paulo, que detalha a pesquisa “Retrato da Ética no Brasil”, feita pelo Datafolha. O levantamento mostra que 94% dos brasileiros acham errado, por exemplo, oferecer propina; outros 94% acham incorreto também vender o voto. No entanto, 36% disseram que já pagaram propina a alguém, e 12% responderam que estão dispostos a trocar seu voto por dinheiro.

Segue a pesquisa: 31% já colaram numa prova; 27% já receberam troco a mais e não devolveram; 26% costumam atravessar o sinal vermelho; 68% pelo menos uma vez já adquiriram produtos piratas (contrabandeados, 30%); 27% baixaram músicas da internet ilegalmente (filmes, 15%); e 18% já compraram ingressos de cambistas.

Os dados extrapolam os conceitos de classe social e faixa de renda: todo mundo parece ser corrupto na mesma medida, variando apenas (pouco) a proporção daqueles que assumem abertamente o delito. Mesmo assim, acham que isso não é problema, já que “todo mundo faz”. Sem dúvida, essas respostas são influenciadas pelo comportamento dos políticos, principalmente os do atual governo, que parecem se vangloriar de conseguirem vantagem em tudo. Mas isso não é desculpa: até prova em contrário, todos ainda podemos escolher entre ser ou não corrupto.

Ou será que não podemos?

4 thoughts on “E você, também é corrupto?

  1. Não gosto do Lula, mas em matéria de corrupção não há absolutamente nenhuma diferença entre o atual governo e os anteriores.

  2. Concordo totalmente com o Mario Medeiros, não vejo nenhum partido ou político, nem mesmo rei ou imperador, que já tenha passado pelo poder e não nos tenha deixado péssimos exemplos de comportamento, apenas temos mais acesso à informação hoje -viva! – mas seria de grande ingenuidade, ou mesmo hipocrisia, condenar APENAS o governo atual.

  3. Entendam ‘poder’, citado anteriormente, como o poder executivo, ou seja, o poder de governar e administrar o país!

  4. Aplicando este texto ao nosso mercado, podemos perceber porque consumidores preferem “trazer de fora” aparelhos e não comprar de lojas especializadas. Quando perdemos orçamentos, é comum ouvir do cliente que “um amigo conhece uma cara que traz de fora” os aparelhos. Sempre tem um muambeiro sendo alimentado por consumidores “espertos”. E depois eles falam mal de políticos… Cada povo tem o político que merece…

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