Pois é, falávamos ontem aqui sobre pirataria, e eis que a Folha de São Paulo sai neste sábado com mais um excelente exemplo de como essas coisas funcionam no Brasil. É bom que todos leiam: o link está aqui. Em resumo, conta a repórter Claudia Rolli as investigações do Instituto Brasil Legal sobre a venda irregular do PlayStation 3. Para quem não sabe, o IBL é uma ONG das mais ativas na defesa do consumidor e do contribuinte, embora não muito badalada. Já havia feito trabalhos semelhantes em relação a outros produtos pirateados e/ou contrabandeados, inclusive eletrônicos.

E o que fez o IBL agora de tão significativo? Simples: comprou exemplares do PS3 em duas lojas conhecidas de São Paulo (Americanas e Carrefour) e foi verificar o estado real dos produtos e a documentação que os acompanha. Bingo! Um deles só funciona em 220V e traz um manual de instruções porcamente xerocado, inclusive com partes escritas em chinês; o outro é destinado ao mercado americano (só 110V) e nem manual tem. Nenhum dos dois reproduz discos brasileiros. E ambos trazem a indicação, escrita a mão, de que a garantia é de 3 meses!!! (assistam ao vídeo). Para comparar, o IBL também comprou um PS3 numa loja oficial da Sony, que veio com tudo certinho, de acordo com as regras do Inmetro e da Anatel.

Conclusão: qualquer consumidor que quisesse poderia ter feito o mesmo – comparar os produtos das três lojas e verificar qual entre eles era o verdadeiro PS3. O problema é que na Lojas Americanas o preço era de R$ 1.199; no Carrefour, R$ 1.289; e na loja Sony, R$ 1.999. Qual é o melhor negócio entre os três?

Inacreditável que as duas grandes redes pratiquem esse tipo de comércio – e ainda tenham a cara de pau de soltar comunicados dizendo que os produtos são vendidos legalmente. Mais interessante ainda que, pela internet, até dois meses atrás (antes, portanto, que a Sony iniciasse a comercialização legal do PS3 no Brasil) essas e outras lojas vendessem o aparelho bem mais barato. Aumentaram o preço agora, talvez para não ficar tão evidente a maracutaia (no site do Carrefour, ainda se encontra por R$ 1.149; complementando: algumas horas depois, foi tirado do ar – alguém lá deve ter percebido a bola fora – quem quiser pode arriscar…) Como se vê, não é só na Santa Ifigenia (SP) e na Uruguaiana (RJ) que se deve tomar cuidado.

Aliás, a polícia, a Secretaria da Fazenda, o Ministério Público e os órgãos que regulam o comércio em geral também poderiam ter tirado a mesma prova que o IBL se propôs a fazer. Evitariam assim que consumidores desinformados (ou mal intencionados) caíssem nesse tipo de armadilha – evidentemente, existem inúmeras outras por aí, à espera de quem queira cair nelas. A pergunta é: será que esses órgãos de governo estão preocupados? E aí voltamos ao tema do comentário de ontem: a política do governo brasileiro é fingir que nada disso acontece no País.

12 thoughts on “Pirataria do PS3: novidade?

  1. Orlando.
    Achei a ação muito interessante. Acho que a distribuidora também precisa explicar muita coisa. Aliás, no site da HT existe um banner de promoção com PS3 como brinde, em conjunto exatamente com a AOXO, a distribuidora que “não explica”. Temos que ficar todos de olho.

  2. Caro Paulo, apenas um esclarecimento: essa empresa AOXO nada tem a ver com a promoção que você menciona. Na verdade, o logotipo A-O-X-O é formado com os símbolos que identificam os controles do PlayStation, e é usado mundialmente para identificar o videogame. A empresa deve ter se apropriado dessa marca. Pode ficar tranquilo: o console usado na promoção é original da Sony, com garantia e tudo mais. Abs. Orlando.

  3. Achei muito boa a reportagem e a iniciativa da IBL de elucidar as pessoas das diferentes origens do PS3. Contudo só fiquei com uma dúvida, porque a IBL (instituto mantido pela própria sony e outras grandes marcas) fez essa “averiguação” somente agora? Por que antes de o PS3 ser lançado oficialmente pela sony aqui no Brasil (pelo absurdo preço de R$ 1.999,00) o IBL não tinha conhecimento que todas as lojas do Brasil vendiam a versão importada do PS3? Alias, essa versão vendida é tão original quanto as que são comercializadas agora “oficialmente” pela sony. Por que isso? Será porque agora a sony tem outros interesses e quer que seja vendido apenas seu produto “oficial”? Então que retirar os importados, que tem um preço bem mais acessível ao consumidor, do mercado? E sony, como qualquer outra empresa, preza ACIMA DE TUDO pelo lucro, e tem gente ainda que corrobora com esse tipo de imprensa comprada.

  4. Olá Luciano, só esclareça, por favor: quem você acha que é a “imprensa comprada”? Abs. Orlando

  5. Luciano Guimaraes falou tudo porque somente agora que resolvel ver isso so por causa da sony tem o lançado o produto aqui oficialmente. As grandes redes de comercio eletronico vende o aparelho PS3 desde o seu lançamento oficial.

  6. Não vejo nada de errado nos PS3 comprados na Americanas e Extra – onde comprei o dito pirata -. Já tive um 40gb e outro de 80gb modelo não slim, atualmente tenho um comprado no Extra.com slim 120gb, todos rodaram dvd e cd nacional, nunca travaram.
    Colocar PS3 “origianal” sony a R$1.999,00, ai sim é brincadeira!!

    “A Sony cumpriu sua promessa e liberou na semana passada a atualização do PlayStation 3 para reproduzir também filmes Blu-ray em 3D (o upgrade para jogos já havia saído em junho).”

    Um único probleminha, sobre o qual até já pedi – Orlando Barozzo – um esclarecimento à Sony: segundo o site americano Examiner, a atualização do PS3 – identificada como firmware 3.50 – desabilita recursos da conexão USB, impedindo que o usuário ligue ali aparelhos de outras marcas. O site lembra que uma atualização anterior (firmware 3.42) impede o desbloqueio do aparelho para rodar jogos piratas. Comentando o assunto, o site PC World, relata o alerta que a própria Sony postou em seu site na semana passada: “A Sony pede que os consumidores tomem cuidado quando comprarem controles wireless para PlayStation 3 de fontes não determinadas, uma vez que a qualidade, confiabilidade e segurança desses produtos não é conhecida, e, em alguns casos, pode ser perigosa. É possível alguns produtos falsificados pegarem fogo ou explodir, resultando em danos ao usuário, seu PlayStation 3, ou outras propriedades. Além disso, a Sony não dá suporte à funcionalidade continuada de controles falsificados ou não licenciados em atualizações de software, e esses aparelhos podem parar de funcionar em razão de updates de software do sistema.”

    Se for verdade, será a negação do princípio básico da conexão USB, cuja sigla quer dizer “conexão serial universal”. Universal, sim, mas só para produtos Sony? Vamos aguardar a explicação oficial da empresa.

  7. Sem dúvida o preço do videogame na loja da Sony é absurdo, porém, ela foi a única que classificou o produto dentro lei, ou seja, como um videogame. As outras empresas que forneceram os equipamentos para as duas grandes redes classificaram, segundo a reportagem, os equipamentos como receptores de vídeo, onde os impostos são menores.

    O IPI (imposto sobre Produtos Industrializados – do Governo Federal) dos aparelhos de videogame é de 50%, ou seja, metade do valor do equipamento fica com o governo. Isto sim é um absurdo!

    Está na hora de nós, como consumidores pagadores de impostos, questionarmos o governo qual o motivo dos equipamentos de videogame, e eletrônicos em geral, serem tributados com alíquotas tão elevadas e deixar de culpar os revendedores, que trabalham de forma legal, por vender o produto bem mais caro que em outros países.

    Uma das razões do elevado nível de contrabando em nosso país é a alta carga tributária. Como o brasileiro, em geral, busca sempre o menor preço, não se importando se o produto é legal ou não, quem acaba pagando o pato é o revendedor que trabalha de forma legal, vende menos e algumas vezes é chamado de ladrão.

  8. Orlando, imprensa comprada é toda aquela que veicula em seu jornal, site, blog, … informações tendenciosas, distorcendo os fatos de forma a “colaborar” com grandes marcas e seus interesses. Tal qual acabamos de ver nessa reportagem da folha de São Paulo que foi resumida em seu blog. Não notar a diferença de chamar um aparelho importado de pirata ou fazer alusão a um aparelho oficialmente lançado de “original”, logo o que resta não deve ser original, só tem duas explicações: ou a pessoa tem problemas com o português ou a pessoa está tendo alguma vantagem com a situação. Posto isso, se não tiveres problemas com o português deves entender a quem me refiro. Contudo, desde já, esclareço que sou leitor do blog e gosto muito dos conteúdos abordados, sempre de forma precisa. Estou interagindo para que o blog continue sempre assim. Todos cometemos erros, mas o importante é aprendermos com eles. Abs.

  9. Este é bom site de tecnologia mas não de direito. Mercado cinza não é mercado negro. mercado cinza é uma atividade, em termos jurídicos, perfeitamente legal.

  10. Acho que esse tipo de trabalho em combater a sonegação demorou para acontecer, mas não esta nem perto do fim pois me sinto lesada com a compra de produtos de video game no pais, começando por produtos vendidos pela Leadership que classifica como informática comprando um acessório vc tem que levar o adaptador para video game, selo da anatel nem pensar né, nem nos controles da sony para ps3 tem o selo da Anatel. o unico controle que encontrei com o selo da Anatel foi o da Maxprint.
    Um dia desses fui ao shopping para comprar uma guitarra me deparei com um produto da Integris gente que medo muitos erros de português na embalagem.
    Pessoal video game é um entretenimento mas deve ser levado a sério pois pagamos muito caro por eles.
    E deixamos nas mãos de nossos filhos.

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