A prisão do australiano Julian Assange, anteontem em Londres, é apenas o primeiro capítulo de uma história que ainda vai render muito (talvez o segundo, considerando os episódios das últimas duas semanas, quando a palavra “Wikileaks” passou a ser uma das mais lidas e comentadas do planeta). Aos 39 anos, Assange entra para a galeria dos grandes heróis modernos, ao ser declarado inimigo número 2 (o primeiro continua sendo Bin Laden) dos homens mais poderosos do mundo. Conseguiu isso apenas manejando um site.

Até duas semanas atrás, o Wikileaks era conhecido apenas das pessoas mais antenadas. Chegou a ser acusado de instrumento dos EUA e de Israel, ao divulgar documentos sobre terrorismo no Paquistão. Agora, após revelar milhares de documentos do serviço secreto americano, que envolvem a segurança de vários países (inclusive o Brasil), tornou-se alvo de milhões de buscas – e quase automaticamente foi tirado do ar. Assange deve ficar preso alguns dias, talvez semanas, e passar por um longo processo judicial, cujo desfecho é imprevisível. Na verdade, ele se entregou à polícia inglesa, onde deve acreditar que está mais seguro do que solto – se caísse nas mãos dos americanos, por exemplo, é bem provável que fosse morto; e na Suécia, onde tem residência, por ser acusado de crimes sexuais que lá são considerados gravíssimos, dificilmente escaparia de alguns anos, pelo menos, de prisão.

Ao se entregar, Assange também avisou que tem mais munição guardada. O site está sendo mantido por amigos e seguidores, em endereço clandestino, e é certo que as fontes que lhe passaram os documentos secretos têm muito mais para divulgar. Como no caso de Bin Laden e outros criminosos, de pouco adiantaria eliminar Assange – os vazamentos continuarão, pois estão saindo das entranhas do poder; o Wikileaks é apenas um instrumento de propagação (ou seja, uma mídia). E, evidentemente, para o governo americano, é mais fácil pedir a sua cabeça do que encontrar os verdadeiros vazadores.

Antes que me acusem de estar do lado dos poderosos, aviso que sou totalmente a favor de Assange e do Wikileaks. Lendo alguns dos tais documentos – traduzidos pela Folha de São Paulo, num trabalho jornalístico brilhante – conclui-se que grande parte das informações é de utilidade pública. O que nos remete à questão da privacidade na internet, como tento explicar neste artigo. Quem realmente está protegido nessa selva de dados? E quem protege quem? Só mesmo acreditando em super-heróis.

2 thoughts on “Um super-herói do século 21

  1. Super-Heroi????
    affff!!! um boçal!!!!
    mais um hacker que nao faz absolutamente nada na vida a nao ser viver a custas dos outros. Tem mais é que sumir com esse ai e todos os que estao amarrados no saco dele.
    Essa mania de supervalorizar aquilo que nao vale nada é ultrajante!!!
    CAzuza tbem era super-heroi…..um viado viciado que vivia a custas do papai e mamae…..
    que heroi hein!!!!!

  2. Olá Vicente, tentando responder com civilidade. Primeiro, Assange não é hacker, nunca invadiu computador de ninguém. É um jornalista, que sempre viveu de seu trabalho. Segundo, está dando uma lição a toda a mídia internacional. Se isso não vale nada para você, tudo bem, temos que respeitar sua opinião. Agora, confundi-lo com Cazuza é que me parece coisa de pessoas totalmente desinformadas (aliás, mal-educadas também). Orlando.

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