Acabo de ler o livro “Inside WikiLeaks”, escrito por Daniel Domscheit-Berg, que durante cerca de dois anos foi o braço direito de Julian Assange na direção do que ele próprio chama de “o site mais perigoso do mundo”. Os dois brigaram no final do ano passado, justamente quando o WikiLeaks passou a atrair a atenção mundial devido aos documentos secretos do governo americano. Um sucesso-relâmpago, que agora pode ganhar o Prêmio Nobel da Paz, para o qual acaba de ser indicado por um deputado da Noruega.

Berg abandonou o barco em setembro e em janeiro já lançava o livro, que conta os bastidores dessa verdadeira aventura (a imprensa já divulgou que Assange vendeu a Steven Spielberg os direitos para a produção de um filme a respeito). Se num site, jornal ou revista tradicionais já é difícil saber quem tem razão nesse tipo de briga, mais ainda num projeto como o do Wikileaks, que só existia (o site não está sendo atualizado e ninguém a essa altura sabe se irá continuar) porque suas atividades eram mantidas em regime semi-secreto.

Pelo que conta Berg, seu ex-colega – que na verdade foi o fundador do site – está longe de ser o democrata que a imprensa vem pintando. Além de não admitir contestações dentro da equipe, jamais prestou contas do dinheiro recebido através de inúmeras doações pelo mundo afora. Berg o acusa, entre outras coisas, de ser “racista”, defender o nazismo e de não cumprir os compromissos, inclusive financeiros, assumidos com seus parceiros e colaboradores. Suas atitudes paranoicas chegaram a tal ponto que praticamente todos os que o ajudavam acabaram saindo, incluindo o pessoal técnico que mantinha o site ativo – daí por que o WikiLeaks não conseguiu se sustentar, embora ainda possua milhares de documentos secretos por divulgar.

Vai saber… O fato é que Berg e os demais dissidentes lançaram o OpenLeaks, que segundo ele pretende resgatar o espírito original que Assange teria desrespeitado: servir de plataforma para a divulgação de informações de interesse público que a mídia tradicional normalmente não publica, atuando com a máxima transparência e isenção. Como o WikiLeaks no início, o site está aceitando voluntários.

Ah! Sim. Assange, que está em vias de ser extraditado para os EUA (onde responderia por crime de espionagem) ou para a Suécia (foi processado por estupro), prometeu processar Berg e os demais. Será que isso será incluído no roteiro de seu filme?

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