Todos os sites estão noticiando, e certamente amanhã será manchete em todos os jornais: “Apple irá mesmo produzir iPad no Brasil”. Convém guardar bem essas aspas. O ministro de Ciência e Tecnologia, Aloisio Mercadante, que adora um holofote, fez questão de anunciar a novidade aos jornalistas brasileiros que acompanham a visita da presidente Dilma à China. Mercadante deu a entender que está tudo certo, faltando apenas definir “as condições”.

Na verdade, a coisa não é tão simples. Diz a agência Reuters que a Foxconn realmente tem um plano de transferir parte de sua linha de produção para o Brasil, investindo US$ 12 bilhões em cinco anos, de olho no nosso mercado interno. Só que a empresa fornece não só para a Apple, mas também para Dell, HP e outros gigantes. Sua entrada aqui não significaria, portanto, a entrada do iPad, nem do iPhone. Steve Jobs é quem tem a palavra final, no caso. E, a menos que haja um belo plano de incentivos fiscais, não irá se esforçar para ampliar seus negócios no Brasil.

O lobby é forte. Esta semana, saiu na internet que a Apple do Brasil teria inclusive mudado sua razão social para permitir o início dessa operação – depois, viu-se que era mentira. Assim como Dilma e Mercadante, governadores, ministros, prefeitos e secretários estão loucos para anunciar uma fábrica da Apple em seus estados e municípios. É o tipo da notícia que rende muito voto. Mas, por enquanto, não passa disso: um enorme balão de ensaio.

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