Por muito pouco Sidney Harman não entrou no meu livro “Os Visionários – Homens que Mudaram o Mundo através da Tecnologia”. Ao fazer a seleção final dos personagens, ele e outros grandes empreendedores do segmento de áudio acabaram ficando de fora. Nesta terça-feira, aos 92 anos, Harman se foi – a leucemia foi o único adversário que ele não conseguiu vencer.

Tal como J.B.Lansing, Henry Kloss, Paul Klipsch, John Bowers, Amar Bose e vários outros, Harman foi um dos principais responsáveis pela organização da indústria de áudio, que até outro dia dominava o planeta. Ao fundar a Harman Kardon, em 1953, ele foi um dos primeiros a transformar o transistor – inventado alguns anos antes – no coração de uma série de produtos que todo mundo queria ter em casa. Licenciou-se apenas em 1976, para assumir o cargo de secretário do Comércio no governo de Jimmy Carter; quatro anos depois, reassumiu para comandar o processo de digitalização do grupo, agora renomeado Harman International.

Hoje com mais de vinte marcas, o grupo é o maior do setor. Marcas que você certamente conhece: JBL, Infinity, Mark Levinson, AKG, Lexicon, Crown, Revel, Soundcraft e até a brasileira Selenium, incorporada no ano passado, com a criação da Harman do Brasil. Também no ano passado, Sidney Harman deu o que pode ser chamado agora de seu “canto de cisne”: pagando apenas 1 dólar (e você não leu errado), ele arrematou a revista Newsweek, assumindo uma dívida que passava dos US$ 47 milhões. Não foi pelo dinheiro, é claro: Harman fez parte de uma geração de empreendedores que aprendeu a conduzir suas empresas lendo artigos como os que a revista publicava, especialmente entre os anos 40 e 50 do século passado.

Foi sua última compra – com certeza, a mais sentimental de todas.

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