Em brilhante levantamento, os repórteres Luís Osvaldo Grossmann e Luiz Queiroz, do site Convergência Digital, revelaram nesta segunda-feira os bastidores da queda do presidente da Telebrás, Rogerio Santanna, e suas consequências para o futuro do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Foi uma decisão da própria presidente Dilma Roussef e do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afastar Santanna, amigo e um dos principais consultores do ex-presidente Lula para questões ligadas à tecnologia. Como aconteceu tantas vezes, Lula indicou Santanna para dirigir a Telebrás não por sua qualificação técnica, mas porque ele foi sindicalista do setor de telecomunicações no Rio Grande do Sul (Santanna é também íntimo do atual governador gaúcho, Tarso Genro, e do ex, Olivio Dutra; tutti buonna gente…)

O fato positivo é que Dilma percebeu a tempo a barberagem de seu antecessor, ao transformar em política uma decisão que deveria ser eminentemente técnica. Além de não ter experiência para cargo tão importante, Santanna faz parte do grupo de “ideólogos tecnológicos” do PT, aqueles que querem estatizar tudo porque acham que toda empresa privada é, por definição, exploradora dos pobres e indefesos trabalhadores!!! Do grupo fazem parte também outros escolhidos de Lula para áreas importantes do setor de tecnologia dentro do governo, como Cezar Álvarez (atual secretário executivo do Ministério das Comunicações) e André Barbosa (que oficialmente ocupa o cargo de “assessor especial” da Casa Civil). Nomeado um ano atrás, numa nefasta combinação entre Lula e a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, de tão saudosa memória, Rogerio Santanna passou o tempo todo brigando com as operadoras de telefonia e não conseguiu tirar do papel o PNBL.

A bem da verdade, é preciso reconhecer que sua nomeação teve o endosso de Dilma, então candidata a presidente, que não só aprovou o PNBL como usou-o em sua campanha. Ou era apenas jogo de cena eleitoral, ou ela de fato não examinou devidamente o assunto na época e agora se arrependeu…

Para não desagradar Lula totalmente, Dilma e Bernardo decidiram agora transferir Álvarez para a presidência da Telebrás, o que não é propriamente uma solução – o indicado pensa exatamente como Santanna. O problema é que Dilma tem pressa; não quer perder mais tempo com um Plano que, de tão ambicioso e mal delineado, tornou-se inviável. A prioridade é adaptá-lo à realidade, inclusive a realidade financeira de um governo que gastou demais nos últimos quatro anos e agora se debate para definir cortes de investimentos. Não há dinheiro para cumprir as metas do PNBL e, portanto, só mesmo em parceria com as teles é que se pode sonhar com banda larga mais rápida e mais barata. Mesmo assim, é utopia pensar em levar o serviço a todos os mais de 4 mil municípios do país que ainda utilizam conexão discada ou, no máximo, banda estreita. Nem mesmo as tais “100 cidades fantasmas” devem contar com isso…

O saldo de tudo é que o governo, aparentemente, caiu na real. Melhor assim. Quem sabe agora se possa discutir o assunto sem politicagem nem demagogia. Se conseguirmos, já será um belo avanço.

Só para não esquecer: convido os leitores a digitarem o termo “PNBL” no campo de busca ao lado e conferirem quantas vezes comentamos aqui as falhas do plano. Sem querer me vangloriar, até porque tudo se baseou em informações divulgadas pela imprensa e alguns contatos pessoais que fiz, ali está um verdadeiro dossiê sobre o assunto. Desperdiçaram milhões em dinheiro público, numa mistura de oportunismo e falso “ideologismo”. Mais um crime contra o Brasil!

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