Com o alerta de furacão em Nova York, vários políticos que sonham com a candidatura à presidência dos EUA em 2012 mudaram-se temporariamente para a cidade. Claro, tentam faturar politicamente sobre a tragédia, como fez George Bush em 2005, quando o furacão Katrina arrasou a região de New Orleans – Bush ainda ganhou muitos votos para seus amigos nas eleições de 2006; só não contava com o fenômeno Obama em 2008, mas essa é outra história.
Digo isso a propósito do imbroglio em que se transformou a instalação da fábrica brasileira do iPad. Nas últimas semanas, parece que azedou de vez o projeto do governo para convencer a taiwanesa Foxconn a montar os produtos da Apple no Brasil. Como comentamos aqui, essa história estava mesmo estranha. Em abril, visitando a China, a presidente Dilma Roussef anunciou que tudo já estava acertado; depois, o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, cansou de dar declarações confirmando que a fábrica começaria a funcionar em julho, em Jundiaí (SP) – em julho mesmo, ele corrigiu o prazo para agosto. A notícia mais recente é de que o projeto foi adiado para 2012!!!

Interessante que, na hora das boas notícias, os políticos sempre aparecerem, altaneiros, para alardear supostas realizações suas. Agora, Dilma, Mercadante e os outros ministros envolvidos se calam (apenas o secretário de Informática do Ministério, Virgilio Almeida, deu esta entrevista para desmentir que o projeto tenha sido abandonado). Desmentido estranho: ninguém havia falado em abandono…

Neste momento, os fatos são os seguintes. A Foxconn fez um caminhão de exigências ao governo brasileiro, já que não via grandes vantagens em transferir a produção atual do iPad, que é toda concentrada na China. A principal exigência era de apoio financeiro. O investimento total seria de R$ 12 bilhões, mas o governo teria que entrar com a maior parte (via BNDES), ou convencer algum grupo privado a bancar a conta. Com o agravamento da crise internacional, esse plano não prosperou; na semana passada, executivos da Foxconn estiveram em Brasilia cobrando uma definição do governo, que não vê uma saída a curto prazo.

Curiosamente, reportagem da revista Veja esta semana informa que nem foi concedida ainda a licença do governo para o funcionamento da empresa, o que é no mínimo esquisito (não estava tudo certo já em abril?). Os executivos da Foxconn estão sendo cortejados por estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, para montarem a fábrica com incentivos fiscais estaduais (esta semana estiveram também em Arapongas, Paraná), mas o fato é que o projeto só sai com alguém colocando dinheiro.

Quem se arrisca?

1 thought on “E o iPad brasileiro, como vai?

  1. Orlando, se eu fosse executivo da Foxconn tirava o cavalinho da chuva de imediato ou seria declarado insano! Será que este pessoal ainda acredita no Brasil, neste governo totalmente incompetente, corrupto e sem direção? Nós já perdemos, há muito, o bonde da tecnologia e não temos como competir com ninguém, muito menos com a China ou Taiwan. O Brasil em termos de tecnologia de ponta já era!!! Vamos continuar a plantar e exportar soja, extrair e exportar minérios e a produzir alimentos. Isto é o que o governo ainda deixa os empresários fazer por aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *