Reportagem de Tatiana de Mello Dias, no Estadão desta segunda-feira, aborda o documentario franco-espanhol The Light Bulb Conspiracy (“A Conspiração da Lâmpada”), ainda inédito no Brasil, mas que pode ser visto aqui (duvido que seja lançado comercialmente). É uma bela aula sobre a industria da tecnologia, ou – como querem os críticos mais azedos do consumo – um “golpe no capitalismo ocidental”. Basicamente, o filme defende a tese de que a industria lança produtos descartaveis para obrigar as pessoas a continuarem comprando, indefinidamente, e assim perpetuar a roda-viva do consumo.

Já li e ouvi esse conceito algumas vezes e, realmente, merece uma ótima polêmica. Todo mundo um dia já teve um produto que parou de funcionar, não interessa o motivo, e na ocasião deve ter considerado a hipótese levantada pelo filme. O raciocinio é tão automático que chega a parecer primario: se meu TV deu defeito com apenas algumas semanas de uso, é porque o fabricante descuidou da qualidade ou, pior, fez de propósito para que eu trocasse por um novo. Nada mais sedutor do que descarregar toda a raiva daquele momento sobre a marca. E isso é feito rotineiramente, não só no Brasil, mas na maioria dos países – e quanto mais desenvolvido um povo, mais alto é o seu nivel de conscientização a respeito.

No filme, é citado como exemplo o caso da Apple, que já gastou fortunas em indenizações a consumidores cujos iPods deixaram de funcionar poucos meses após a compra. O documentario trata esse e outros como casos de “obsolescência programada” (planned obsolescence), acusando a Apple de ter produzido seu aparelho mais vendido até hoje “intencionalmente” para forçar a troca contínua.

O espaço aqui é curto (estou escrevendo um artigo a respeito), mas não quis deixar passar a oportunidade de chamar a atenção dos leitores para que, se puderem, assistam ao filme. Eis aí um tema que é importante discutir, com boas informações à mão, em vez de simplesmente sair xingando esta ou aquela empresa. Lembro que, anos atrás, cheguei a debater a questão com um executivo inglês. Segundo ele, acusar uma empresa de propositadamente prejudicar seus consumidores implica em achar que ela é comandada por imbecis. “Por que uma companhia gastaria milhões em marketing, telemarketing e cuidados com a sua imagem, se tudo isso pode ser simplesmente incinerado ao lançar um produto ruim?”

Sim, há abusos, e muitos, acrescento, especialmente num país como o Brasil, onde as leis de defesa do consumidor são desrespeitadas a todo momento, quando não ignoradas pelos principais interessados (os consumidores). Mas, daí a pensar em conspiração vai uma longa distância.

Bem, assistam ao documentario e reflitam. Voltaremos a comentar o assunto aqui em breve.

5 thoughts on “Obsoleto ou não: eis a questão!

  1. Apenas lembrando, já havíamos discutido o assunto neste post https://orlandobarrozo.blog.br/?p=6666

    Também não gosto de teorias conspiratórias, mas a obsolescência programada é um fato, consequência natural do mundo capitalista no qual vivemos. E se a indústria é culpada, não se pode também negar a parcela de responsabilidade cabível ao consumidor.

    Para quem não manja muito do inglês, o documentário pode ser assistido com legenda em português no link abaixo. Está divido em 4 partes.

    http://www.youtube.com/watch?v=QB2Xqh3Fh50&feature=results_main&playnext=1&list=PL835584539098D770

    Abração.

  2. Lembro que, anos atrás, cheguei a debater a questão com um executivo inglês. Segundo ele, acusar uma empresa de propositadamente prejudicar seus consumidores implica em achar que ela é comandada por imbecis. “Por que uma companhia gastaria milhões em marketing, telemarketing e cuidados com a sua imagem, se tudo isso pode ser simplesmente incinerado ao lançar um produto ruim?”

    Se todas as empresas procederem assim nenhuma será melhor que a outra e todas lucrariam.

    Mas, na verdade, o que se debate não é que as empresas lançam produtos bons. Elas lançam produtos com um tempo de vida útil cuidadosamente previsto para que o usuário deseje efetuar uma troca algum tempo depois, mesmo com o produto funcionando.

  3. TVs de muitas pessoas que apresentam defeitos, principalmente de uma série de determinados televisores de Plasma e LCD cujo defeito é origem de um vício oculto.
    Na minha opinião, faz sentido a questão de defeitos programados. Se um lote ou um modelo pifa sempre no mesmo lugar, é notório que o projeto é propositalmente elaborado para durar pouco tempo.

  4. Oi amigos .

    A tecnologia não para de evoluir mas também as grandes marcas não somente nos ofereçem tvs com imagens de nos encantar e etc , como também estão evoluindo inteligentemente para si proprio por exemplo ;
    1- alem do lucro que já tem na venda de milhares de aparelhos de tvs agora o cidadão com pouco tempo de uso , bate de frente com algum problema no seu tv e levanto a aurotizada na maioria das vezses somente segundo o tecnico na troca do produto recem comprado por um outro .Antes o problema era resolvido.
    2-antigamente um tv durava anos e anos sem apresentar um unico defeito e hoje em dia as Plasmas , Lcd , Led e que vem com especificações informando a sua vida util não chega a durar nem 2 anos e olhe lá rsr ..kkk ,ou seja muita propaganda enganosa !!!
    3- Os fabricantes simplesmente enteram que fabricar televisores que nunca apresenta problema ou demore muito tempo , NÃO FARA o cliente voltar a loja rapidamente pra adquirir outra, então as placas, componentes ja estão programadas para não apresentar defeito até a sua garantia de x anos , mas depois começam a surgir os problemas que obriga a troca por outra ,sendo um tv descartavel na pratica .
    Resulmindo ; A MAIOR VANTAGEM nisso tudo com a evolução da tecnologia são das grandes empresas como ; panasonic , sony , samsung, Lg , semp e outras por esse mundo a fora a final vc compra seu televisor -(apresenta um problema )e ja ja tera que jogar o seu tv no lixo ,ja que não tem concerto e somente na troca de outra .
    Bem EU ainda não posso reclamar ,pois a tv que tenho plasma de 58″ da panasonic nunca me deu nenhuma dor de cabeça e perfeita em tudo contraste-carvão-,cores ao natural , uma imagem encantadora .
    Esta é apenas uma colocação pessoal minha , concordar ou não é um direito seu .
    Abraço a todos voces do blog .
    José Carlos
    Colatina ES

  5. Putz, isso jé é coisa antiga…

    Aqui no Brasil, num passado não tão distante, havia uma certa marca que alardeava seu jargão de propaganda dizendo que seu produto durava até a próxima copa e por ai vai…

    Quem quer comprar produtos que durem tanto quanto aquelas geladeiras da marca ”Frigidaire” que eram fabricadas na década de 50 que pareciam um “tanque-de-guerra” e algumas ainda hoje estão em funcionamento???

    Nem adianta reclamar…

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