É ótimo descobrir que nem tudo no Brasil, na área de tecnologia, está no século passado. Na semana passada, o C.E.S.A.R., um dos centros de pesquisa mais atuantes do país, divulgou um projeto que, se bem aproveitado, pode revolucionar o setor de energia. Chama-se SIBMA (Sistema Brasileiro de Multimedição Avançada) e, na essência, permite fazer a medição automática do sinal elétrico enviado pela operadora a cada domicilio, sem necessidade de interferência humana.

Segundo os responsáveis, utiliza um protocolo aberto de comunicação e pode funcionar com qualquer medidor eletrônico. “É uma adaptação da arquitetura e tecnologias da web para o contexto de ambientes com maiores limitações de recursos computacionais e de comunicação”, diz Fabio Maia, gerente do projeto no C.E.S.A.R. Ou seja, uma possível solução para localidades, e até países, sem estrutura para implantar um controle confiável do consumo de energia.

Minha única ressalva, sem conhecer mais detalhes do projeto, é que se trata de algo inédito, pois, segundo Maia, “não há no mundo quem esteja usando uma arquitetura semelhante”. Difícil entender por que se tenta reinventar a roda quando existem tantas experiências bem sucedidas em outros países. Já tratamos do assunto em outras ocasiões, como aqui. Na verdade, não é tão difícil entender quando se leem notícias como esta, publicada no site Convergência Digital: “Fornecedores de Smart Grid cobram padrão do governo brasileiro”.

Diz o texto que, na semana passada, esteve em visita ao Brasil, Frank Hyldmar, presidente da ESMIG (entidade internacional que reúne fabricantes de medidores inteligentes de energia), que está tentando criar um movimento semelhante aqui. Passou quase despercebido. Há cerca de quatro anos ele tenta convencer autoridades brasileiras a impulsionar o setor; há dois, a Aneel (agência reguladora) divulgou um esboço, que ficou no papel; em agosto passado, foi aberta consulta pública a respeito, e até agora nada foi feito de concreto.

Hyldmar explica, com toda razão, que se houvesse no Brasil um órgão como a ESMIG teríamos fabricantes, operadoras, usuários e todos os envolvidos trabalhando na definição dos padrões necessários. Diz ele que, na Inglaterra, o governo deu às empresas um prazo de oito meses para isso. Claro, sem padrões definidos, de pouco adiante produzir os aparelhos ou implantar as redes. Quem quiser saber mais a respeito pode acessar este site, que já cuidado do assunto desde 2008.

Nada disso, porém, parece ser prioridade para um governo em que os órgãos responsáveis pela infraestrutura só servem para gerar empregos aos amigos e apadrinhados.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *