Dizem que as estatísticas, quando bem torturadas, confessam qualquer coisa! Exceto pelo mau gosto dessa analogia, certos dados divulgados pelos institutos de pesquisa parecem zombar de todos nós. É o caso de um levantamento publicado na semana passada pela empresa Pyxis Consumo, pertencente ao Ibope, sobre os gastos com educação no Brasil. Pelos números, tem-se a impressão de que o Brasil vem aumentando seus investimentos no setor: serão R$ 49,55 bilhões em 2012, contra R$ 43,61 bilhões em 2011. Fazendo o cálculo per capita, os pesquisadores chegaram à conclusão de que cada brasileiro está gastando R$ 303,92 para educar seus filhos (foram R$ 267,68 no ano passado).

Como se pode interpretar esses dados? A meu ver, é puro faz-de-conta. Primeiro, porque talvez nada seja mais enganoso do que estimar o investimento em educação com base o gasto médio das famílias. A desigualdade é tão vergonhosa que a média, no caso, serve absolutamente para nada. Segundo, o fato de estarmos aumentando nossos gastos tem menos a ver com a qualidade do ensino, e mais com a inflação no setor – nenhuma escola particular segue os índices de inflação, e as estatísticas não computam gastos relacionados, como transporte, alimentação, vestuário etc.

Por fim, o mais trágico nesse tipo de pesquisa: parece que educação é mais um item de consumo, como o tomate ou o sabonete.

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