Quase ninguém lembrou – só o site do Ministério das Comunicações – mas na semana passada cumpriram-se dois anos do lançamento oficial do PNBL (Plano Nacional de Banda Larga). Aquele mesmo que o ex-presidente Lula anunciou como solução para quase todos os problemas do país. Claro que, pelos cálculos do governo, tudo está indo às mil maravilhas: o número de acessos triplicou no período, saltando de 27 para 70 milhões, entre fixos (residenciais) e móveis (via celular, notebook etc); e o preço das conexões está caindo. Sim, o ministro Paulo Bernardo diz também que está melhorando a qualidade do serviço, mas essa afirmação nem merece comentário.

Segundo os dados do Minicom, a banda larga já está presente hoje em 697 municípios, com previsão de chegar a 4.283 em 2014, quando o governo pretende inclusive que a Telebrás lance um satélite para atender a 1.282 localidades. Mais: pelos acordos firmados com as operadoras Oi, Telefonica, Tim, Claro, Sercomtel e Algar, 1.328 cidades já contam com conexões de 1Mbps a R$ 35 mensais (sempre dados do governo; para dados mais realistas, sugiro consultar a consultoria Teleco). Diz o Minicom que as operadoras concordaram em investir os R$ 20 bilhões estimados como necessários para tudo isso, algo que só o tempo dirá.

Um detalhe que mostra bem como esses planos são feitos: no texto original do PNBL, não há uma só referência à tecnologia 4G, que agora está sendo implantada em alguns países e tem o poder de elevar em cerca de dez vezes a velocidade média das conexões. Pois o Minicom, espertamente, agora inclui nas metas do Plano o leilão de frequências que a Anatel irá promover em junho para atender à demanda das operadoras por 4G. “Os vencedores da licitação… deverão garantir o pleno funcionamento do serviço nas cidades-sede da Copa do Mundo em 2014”, diz o informe do Ministério.

“Deverão garantir”? Como assim? Primeiro, é preciso ver quem irá participar do leilão, e como. Depois, quanto tempo será necessário para por no papel todas as normas e regulamentações, tarefas em que a Anatel, como se sabe, costuma exibir a velocidade de um engarrafamento paulistano. Pelo tom, essa “garantia”deve ser mais ou menos como a que o técnico Mano Menezes dá aos cartolas quando lhe perguntam se a seleção brasileira irá ganhar a Copa. Só mesmo com muito pensamento positivo!

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