Não é novidade que o Brasil se tornou, nos últimos anos, um excelente paradeiro para investidores internacionais. Infelizmente, muitos vêm apenas atrás do lucro fácil, estimulados pelo governo, mas grande parte dos investimentos estão chegando para ficar. Comentamos aqui ontem sobre a Sony, que promete colocar no país meio bilhão de reais nos próximos três anos, e há vários outros casos. Grupos como as americanas Harman e Motorola (agora oficialmente incorporada pela Google Inc.) e a taiwanesa Asus estão ampliando negócios aqui, inclusive com a construção de fábricas ou linhas de montagem – nem vou falar das coreanas, que nesse ponto saíram bem antes das concorrentes, e não apenas no setor eletrônico.

Agora, surge a notícia de que a chinesa Lenovo – sediada em Hong Kong – estuda também montar uma fábrica no Brasil. Segundo maior fabricante mundial de computadores, a empresa que cresceu após adquirir a divisão de PCs da IBM, em 2005, chegou à conclusão de que não tem como competir aqui se não for dessa forma. “Podemos montar uma fábrica própria ou comprar uma empresa brasileira já constituída”, disse ao The Wall Street Journal o presidente da Lenovo para América Latina e Ásia, Milko van Duijl. “Mas, com os custos de importação vigentes, não há como ter sucesso”. Em 2008, já houve conversações para compra da Positivo.

É bom lembrar que a Lenovo já é líder no mercado chinês, com 30% de share, e acaba de conseguir o mesmo na Índia, e no primeiro trimestre deste ano obteve um inacreditável crescimento de 44% em suas vendas mundiais, enquanto o mercado como um todo cresceu apenas 5%. No ano passado, incorporou a divisão de computadores da japonesa NEC, passando a deter 25% do mercado local; e comprou ainda a alemã Medion. Mas no Brasil a empresa ocupa um modesto nono lugar (3,6%, segundo o WSJ). Van Duijl lembra que nosso país já é o terceiro maior mercado mundial de PCs, perdendo apenas para China e EUA.

Curioso é que justamente agora as vendas de computadores tendem a se estabilizar, com a popularização dos tablets. A Lenovo diz que, por enquanto, não pensa em lançar tablets no Brasil, nem o seu badalado TV Android, que já vem com um computador dentro, conforme comentamos aqui. Irá, portanto, remar contra a maré. Dinheiro para isso não lhe falta.

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