Como já comentamos aqui algumas vezes, pesquisas sempre devem ser olhadas com cuidado (e um pouco de desconfiança). Além de geralmente cobrirem um universo restrito, podem perfeitamente ser manipuladas ao gosto do freguês. Mais: dependendo da forma como são lidas, as estatísticas podem levar a conclusões bem distintas. Recebo toda semana dezenas delas, das mais variadas fontes, e após muitos anos nesse trabalho aprende-se quando é possível confiar ou não (mesmo assim, correndo risco de errar na avaliação).

Dias atrás, o site americano CE Pro – bíblia para profissionais de tecnologia – publicou artigo duvidando de uma pesquisa que indicava o aumento do uso de recursos de automação em novos projetos residenciais, agora que o segmento imobiliário por lá parece retomar as atividades. Agora, a mesma publicação examina os dados de outra pesquisa, esta assinada por duas entidades respeitadas: a CEA (Consumer Electronics Association), que representa mais de 2 mil fabricantes de equipamentos; e a NAHB (National Association of Home Builders), da qual fazem parte centenas de construtoras, grandes e pequenas.

E comprova que, de fato, há ligação entre os dois setores, embora o esperado crescimento dos negócios não esteja vindo, ainda, na velocidade desejada. Fica claro, lendo o estudo (State of the Building Technology Market), que as construtoras americanas estão descobrindo na tecnologia um importante aliado para reconquistar a confiança dos consumidores. Recursos como gerenciamento inteligente de energia, iluminação automatizada, sonorização multiroom e controles centralizados dos equipamentos numa casa são úteis para baratear os custos de construção, desde que bem planejados. Pode parecer pouco, mas o percentual de casas que adotam algum tipo de controle de energia subiu de 6% em 2009 para 14% em 2011. Da mesma forma, dobraram o uso de automação (de 5% para 10%), o de iluminação programável (6% para 12%) e o de multiroom (11% para 23%).

Agora, as más notícias. Com a queda nos preços, aumentou pouquíssimo o investimento nesses itens: se em 2006 um americano médio gastava 5.000 dólares com automação ao construir uma casa ou montar um apartamento, esse investimento caiu para US$ 2.300 em 2010 e subiu para US$ 2.400 em 2011. Pior: o número de novas habitações como um todo despencou com a crise: de 3,5 milhões por ano em 2006, para pouco mais de 550 mil em 2011.

Talvez tudo isso deva servir como incentivo aos profissionais brasileiros. Não tenho estatísticas, mas é provável que os números em nosso mercado sejam exatamente o inverso dos americanos. E, lá como aqui, a tecnologia continua sendo uma forma de reduzir custos – repetindo: desde que bem planejada e executada. Mãos à obra, portanto!

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