O comentário que fizemos aqui semanas atrás sobre os Dumb TVs, que são o oposto dos Smart TVs, rendeu várias reações de leitores. Todas elas compreensíveis. Afinal, é de se esperar que a maioria dos que acompanham um blog como este seja mais bem informada que a média dos consumidores, quando não especialistas e/ou profissionais da área. Mas parece interessante ir mais fundo nessa discussão.

De fato, os “TVs inteligentes” enfrentam algumas barreiras, especialmente no Brasil. A mais importante delas é a má qualidade das redes de banda larga: se você não tiver uma conexão ótima, dificilmente conseguirá navegar através do TV e seus inúmeros aplicativos. Outra dificuldade é que, para a maioria dos usuários, navegar pela internet é um ato solitário, individual, enquanto ver televisão é em geral mais gostoso e envolvente quando se está em grupo. Não por acaso, grande parte dos apps oferecidos pelos fabricantes traz conteúdos de vídeo. É o que mais as pessoas querem ver. E, analisando pelo aspecto estritamente técnico, é um desafio embutir tantos recursos num único aparelho de modo que todos funcionem bem – os televisores atuais trazem um computador embutido!

Mas, como em tudo na vida, há um outro lado. Assistir vídeo em alta definição é muito melhor num TV de tela grande. Quem utiliza serviços como Now, Netflix ou mesmo os canais HD do YouTube sabe bem essa diferença. E se for possível ter tudo isso num aparelho só – no caso, o TV – fica mais fácil ainda. Aí é que entra o que alguns leitores chamam de “marketing”, mas que a meu ver é apenas bom senso: a maioria (e põe maioria nisso…) dos consumidores não quer complicação, quer conveniência. Prefere não se preocupar com conexões, adaptações, siglas e formatos. E se encanta ao ver dezenas de atrativos num aparelho, ainda que muitas vezes não saiba para que servem. É para esses consumidores que a indústria trabalha.

Enfim, como bem lembrou um leitor, há mercado para todos (ainda bem). Os mais exigentes continuarão sendo minoria, e sempre terão que pagar mais.

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