Já comentamos aqui a questão do switch-off, nome em inglês para a data final da transição do padrão de transmissão analógico de televisão para o padrão digital. A data fixada é junho de 2016, mas na prática pouca gente acredita que será mantida. Como em quase tudo no Brasil, o prazo foi estipulado exatamente para não ser cumprido. A novidade é que agora até o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, admite. E tem bons motivos para isso.

Na semana passada, durante o Congresso da Abert, entidade que representa as emissoras, Bernardo defendeu um plano de emergência para que a transição obedeça ao calendário. “Precisamos ver se as pessoas estão comprando os televisores”, disse ele. “Talvez metade ou mais da população ainda tenha equipamentos analógicos. Temos que pensar em incentivos”. Era exatamente o discurso que a plateia, quase toda formada por representantes das emissoras, queria ouvir. Como é comum no atual governo, os discursos mudam conforme o público presente – o que é um contrasenso, considerando a velocidade com que as notícias se espalham pelas redes.

O curioso é que, mais uma vez, tenta-se transferir o problema para os fabricantes de TVs, e estes, sem uma entidade forte a representá-los, têm que engolir a seco. Segundo o ministro, se o país chegar a 2016 com 10 milhões de pessoas sem televisor digital, não será “de bom senso” desligar os transmissores analógicos. Não há uma estatística precisa sobre quantas residências já possuem receptor digital, seja embutido no TV ou o modelo externo, que pode ser conectado em qualquer TV. Informalmente, o mercado fala em 2 milhões de aparelhos já vendidos. Hoje, a maior parte dos modelos acima de 32 polegadas já está saindo de fábrica com o receptor integrado, mas evidentemente essa não corresponde à maioria dos domicílios.

Diz o site Convergência Digital que as emissoras garantem: a maioria delas, e também suas retransmissoras, estarão prontas para desligar seu sinal analógico em 2016. Isso, porém, de pouco adiantará se pelo menos 80% das residências não tiverem o receptor. Hoje, estima-se esse número em 35 milhões, ou seja, 28 milhões de famílias precisarão estar preparadas, caso contrário ficarão simplesmente sem sinal nenhum. Foi, aliás, o que aconteceu nos EUA, onde a transição teve que ser adiada porque era grande a defasagem; lá, o governo teve que fornecer receptores de graça, e ainda assim muita gente se recusava a fazer a troca, alegando estar satisfeita com o sinal que recebia.

Pelos cálculos da Abert, o governo brasileiro terá ainda de resolver o problema das pequenas emissoras do interior, que dificilmente conseguirão trocar seus retransmissores a tempo. A solução? Subsídio. Como sempre.

 

3 thoughts on “TV Digital, em ritmo lento

  1. A questão é que se as emissoras deixarem para começar a transmissão digital encima da hora qual o incentivo para que as pessoas invistam num aparelho novo e caro?
    Tem muita cidade por aí que não tem nenhum canal digital…

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    Es o primeiro que medirijo, buscando ajuda para formatação de meo blog. Sou totalmente leigo no assunto e sei que
    se ter-lo formatado, conseguirtei cumprir com meus objetivos. Pesquizo já há mais de 8 anos sobre TV Digital, tanto
    satelital quanto terrestre, e ao perseber tanto desconhecimento, principalmente do consumidor, que passa a ser enganado pela publicidade, pelo lojista, pelo vendedor, que tambem (na maioria) estyá despreparado, senti a vontade de contribuir com o que aprendi, e vejo neste local um meio de trocar idéias e aprender tambem. Se puderes e quizeres, ficarei eternamente grato pela ajuda. Quero um Blog simples, somewnte com o basico: postar,
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