Os números não mentem: continua crescendo muito além do previsto o número de residências com acesso à TV por assinatura. Os dados mais recentes da Anatel, relativos a maio, indicam que o total de assinantes alcançou a marca de 14.295.585, o que representa 9,5% a mais do que havia em janeiro e 31% a mais do que em maio de 2011. Não há paralelo a isso no mundo inteiro. Continuando nesse ritmo, o Brasil chegará em 2014 com nada menos do que 25 milhões de assinantes. E, se pensarmos que a população do país cresce menos de 1% ao ano, isso representará mais de 20% de penetração.

Conversando outro dia com Mariana Filizola, diretora da NeoTV, entidade que representa as pequenas e médias operadoras, foi possível entender um pouco melhor o fenômeno. Ter TV por assinatura passou a ser um dos grandes objetos de desejo da população, um sinal de status, quase tão valorizado quanto viajar ou ter um TV de tela grande. E, especialmente no interior do país, as pessoas estão descobrindo que a assinatura básica lhes permite receber o sinal das redes de TV aberta pagando bem pouco por mês. Sim, ainda é grande a quantidade de famílias que compra TV fechada para ver TV aberta com melhor qualidade de som e imagem, um fenômeno também brasileiro.

Igualmente impressionante é a expansão das pequenas e médias operadoras de TV por assinatura, que cobrem as regiões mais remotas do país. É bom lembrar que a TV Digital, tão alardeada pelo governo Lula, ainda é elitizada: somente 480 localidades recebem hoje o sinal digital das redes abertas – e o país tem mais de 5.500 municípios! “Existem operadoras que atuam numa única cidade, prestando um verdadeiro serviço de utilidade pública”, diz Mariana.

Fundada em 1999, a NeoTV cumpre o papel de representar essas empresas, muitas delas com uma estrutura mínima e sem experiência no mercado, junto ao governo e aos fornecedores de conteúdo. São mais de 300 pequenas ou médias operadoras atuando em regiões onde as grandes do setor não chegam. “O grande concorrente delas é o DTH”, explica Mariana, referindo-se ao crescimento de Sky, Claro TV (ex-Via Embratel), OiTV e outras gigantes que oferecem TV por satélite. Com a integração das mídias, muitas das pequenas estão passando a oferecer também conexão de banda larga, outra demanda reprimida nas cidades menores. “A tendência é juntar TV e internet, algo que as operadoras de satélite têm mais dificuldade em oferecer”, diz Mariana.

Só para ilustrar, reproduzo aqui alguns números divulgados pela Anatel:

*Crescimento dos assinantes de DTH entre 2009 e 2012: 455%

*Crescimento dos assinantes de TV a cabo no mesmo período: 44%

*Crescimento do mercado como um todo: 108%

*Estados onde mais aumentou o número de assinantes no período:

Tocantins – 462%

Pará – 441%

Bahia – 408%

Piauí – 380%

Pernambuco – 365%

Sim, o estado de São Paulo, com crescimento de “apenas” 79% nesses três anos, agregou muito mais assinantes do que todos esses estados juntos: cerca de 2,4 milhões de domicílios. Mas, proporcionalmente, é no Norte e Nordeste que a TV paga se expande mais rápido.

1 thought on “A força da TV paga no interior

  1. É, de fato, uma boa notícia. Infelizmente a qualidade na prestação dos serviços não acompanha este crescimento de oferta/disponibilidade. Já tive problemas com Telefonica e Net, agora estou tendo com a Claro. Como pode uma agência reguladora ser tão incompetente a ponto dos serviços destas empresa nunca melhorarem? Será este um outro fenômeno brasileiro? rsrs

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