Se o ex-ministro José Dirceu, réu no processo do mensalão, garante que não pretende fugir do Brasil, como revelou à Folha de São Paulo, muitas empresas pensam fazê-lo – claro, por motivos diferentes. A Google divulgou na semana passada que, depois de vários estudos, decidiu montar seu novo data center no Chile (detalhes aqui). É um investimento superior a US$ 150 milhões, que o governo brasileiro vinha namorando há tempos. Ali ficará baseado todo o processamento de dados ligado ao serviço de nuvem da empresa americana.

Não é o primeiro caso, e certamente não será o último. Até empresas brasileiras pensam seriamente se vale a pena investir aqui, diante da parafernália burocrática, da corrupção desenfreada, da tributação insana e da falta de infraestrutura logística. Antigamente, se chamava tudo isso de “custo Brasil”, mas na verdade não se trata apenas de uma questão financeira. Levantamento recente da Fundação Getulio Vargas revelou que só a corrupção causa ao país prejuízos da ordem de US$ 3,5 bilhões por ano. Além de ser um dinheiro que não volta mais, essas perdas desestimulam as pessoas e empresas afetadas, gerando um clima péssimo em termos de planejamento e investimento futuro.

A sorte, se é que se pode usar essa palavra, é o país ser tão carente e ter um potencial de consumo talvez até maior do que Índia e China, devido às características de cada nação. Só isso explica a insistência da Amazon, por exemplo, em implantar seu consagrado modelo de negócios aqui. Na surdina, a maior loja virtual do planeta vem conversando com possíveis parceiros e fornecedores brasileiros há mais de um ano, sem conseguir chegar a resultados concretos. Acabou sendo ultrapassada pela Livraria Cultura, que já tem tudo pronto para lançar seu e-reader, leitor eletrônico que dará acesso a mais de 3 milhões de títulos.

Para recuperar o tempo perdido, a Amazon foi buscar ninguém menos do que Alexandre Szapiro, executivo que conseguiu desenroscar o fenômeno Apple no Brasil (mesmo contra a vontade de Steve Jobs, que nunca escondeu sua contrariedade com a legislação brasileira). Tirar o principal executivo da maior concorrente – pode-se imaginar quanto isso custou – dá uma ideia da impaciência da Amazon, depois de ver o emaranhado de problemas que vêm junto com a abertura de negócios no país. É uma aposta alta. Vamos ver se vai dar certo.

2 thoughts on “Fugindo do Brasil

  1. Até eu,tenho vontade de deixar este País lindo,mas com um povinho cujo DNA parece ter assimilado a variante da corrupção.

    Dentro de 5 anos encerro minha carreira profissional e já vislumbro com bons olhos,morar em um lugar como Noruega,Finlândia ou Dinamarca.

    Aqui é que não dá mais e a tendência,ao meu ver,é de piora das condições de vida.

    Que pena…

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