Os leitores mais atentos são testemunhas de que, no ano passado, cobramos aqui do governo federal a promessa de um investimento de R$ 12 bilhões da empresa taiwanesa Foxconn para montar iPhones e iPads no Brasil. Seria construída uma super-estrutura na cidade de Jundiaí (SP), para atender ao projeto, que geraria milhares de empregos e resultaria em aparelhos mais baratos para o consumidor brasileiro. As últimas notícias divulgadas a respeito davam conta de que a unidade – já existente antes da promessa – estaria semiparalisada e com sérios problemas trabalhistas, pois os trabalhadores brasileiros não aceitam as mesmas condições impostas aos chineses. Nem existe super-estrutura alguma, nem os preços dos aparelhos caíram.

Só para comprovar que os políticos são (quase) todos iguais, nesta quinta-feira o governador paulista, Geraldo Alckmin, fez quase igual à presidente Dilma em 2011: anunciou que a Foxconn irá montar uma imensa unidade fabril na cidade de Itu, ali perto de Jundiaí, de onde sairão itens como cabos, câmeras, placas, leds e até displays (serão cinco fábricas, ao todo), segundo leio no site da revista Info. Investimento anunciado: R$ 1 bilhão. Número de empregos que serão criados: cerca de 10 mil. Tudo isso, claro, segundo a assessoria do Palácio dos Bandeirantes, que chega ao cúmulo de afirmar que o projeto não terá incentivos fiscais além dos que já estão previstos em lei!!!

Quem quiser acreditar, fique à vontade. Só é bom lembrar que, a exemplo do que aconteceu no episódio anterior, ninguém da empresa se manifestou sobre o assunto: todas as informações foram divulgadas pelo governo paulista. Um ano atrás, era o então ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, quem fazia as vezes de portavoz do grupo chinês para anunciar investimentos nisso e naquilo. Agora, é o sr. Luciano Almeida, presidente da estatal Investe São Paulo, quem fala em nome da Foxconn.

Mais importante ainda: o governador diz que o único incentivo dado à empresa é a isenção de ICMS, prevista no Pro-Informática, programa criado para atrair ao Estado investimentos em tecnologia. Justamente o programa que está sendo questionado no Congresso Nacional pelos governos da região Norte, para quem esse tipo de incentivo é inconstitucional; a Procuradoria-Geral da República já deu parecer nesse sentido. Ou seja, a tal isenção pode ser anulada a qualquer momento.

Se isso acontecer, aonde irão parar os tais 10 mil empregos?

 

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