Tempos atrás, um leitor me censurou por fazer tantas críticas ao governo Lula, questionando por que não fizera o mesmo no governo FHC. A resposta foi fácil: este blog foi ao ar em 2008, cinco anos após FHC ter ido embora e Lula ter assumido. Como este não é um blog sobre política ou economia, me limitei a falar sobre ciência e tecnologia, às vezes adicionando o tema educação (que, a meu ver, está diretamente ligado a ambas). E, qualquer que seja o critério de análise, continuo achando que, nessas três áreas, Lula foi o pior presidente das últimas décadas.

Semana passada, no Facebook um amigo me questionou quando escrevi que o PT é um partido de incompetentes. Lamento ter de repetir, mas a cada dia surgem novas (e irrefutáveis) provas. Vejam a discussão que se trava agora em torno da faixa de frequências de 700MHz. É (ou deveria ser) uma questão essencialmente técnica. Com a transição da TV analógica para a digital, parte dessa faixa ficará ociosa a partir de 2016. A primeira iniciativa do governo foi destiná-la às operadoras de telefonia celular, para assim expandir a saturada rede de comunicação móvel. Ao saber disso, as redes de televisão iniciaram um lobby para que nada mude, isto é, as frequências continuem sendo “propriedade” do setor. Enquanto o governo não se decide, os dois lados da disputa permanecem espalhando ameaças pela imprensa, como se dessa decisão dependesse o futuro do país.

Não depende. Trata-se de mera disputa financeira ou, se quiserem, mercadológica. Na semana passada, descobriu-se que o ministro das Comunicações, a quem cabe tomar posição sobre o tema, não faz ideia do que significa o uso das frequências. Numa reunião com representantes das emissoras, segundo o site especializado Convergência Digital, Paulo Bernardo admitiu não saber que a tecnologia LTE (também conhecida como 4G), a ser usada nas futuras redes de celular, provoca interferências na transmissão dos sinais de televisão na faixa de 700MHz. Mesmo sem saber, aprovou a decisão da Anatel de convocar um leilão dessas frequências, inicialmente marcado para o início de 2013 (mas a esta altura extremamente ameaçado…)

Aproveitando a viagem, os executivos das emissoras levaram ao ministro uma lista de reivindicações que lembra a velha história do bode na sala. Querem para si não apenas os canais UHF 14 a 59, que ocupam a tal faixa, mas financiamento, isenções fiscais, indenização pelos canais que não forem utilizados na digitalização e um longo etc. Confundiram ainda mais a cabeça do ministro, que nessa toada vai terminar seu mandato, daqui a dois anos, sem nem saber o que é MHz.

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