O jornalista Fabio Pannunzio (foto), conhecido da televisão (já foi da Globo e hoje trabalha na Band), foi obrigado a suspender seu Blog do Pannunzio, por um motivo preocupante. Segundo escreveu em seu último post, neste fim de semana, ele recebeu ameaças veladas do escritório de advocacia que representa o secretário de Segurança de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto. Em carta, os advogados – que processaram Pannunzio por um artigo intitulado “A indolência de Alckmin e o caos na segurança pública” – informam que a Justiça concedeu liminar determinando que o texto fosse retirado do ar.

Segundo o jornalista, foi mais um episódio de intolerância contra suas opiniões independentes. Antes, já fora processado, por exemplo, por um deputado de Mato Grosso tido como “o maior ficha-suja do país” e por uma “quadrilha de traficantes de trabalhadores” denunciada no blog. Foi, diz ele, “uma enxurrada de processos”. Como decidiu manter o blog sem patrocínio, apenas com seus próprios recursos pessoais de jornalista assalariado, Pannunzio não viu outra saída se não suspendê-lo, ainda que temporariamente (o texto completo do post foi republicado no Blog do Noblat, do jornal O Globo).

Como se sabe, o Brasil está se tornando um país perigoso para jornalistas. Nos últimos meses, vários foram assassinados; e na última estatística da ONG internacional Repórteres sem Fronteiras, o país aparece entre os que mais ameaçam – inclusive fisicamente – o exercício dessa profissão. Não sei se Pannunzio se enquadra nesse grupo, mas é bem provável. Desde 2009, quando iniciou seu blog, ele vinha se destacando por publicar notícias contrárias aos interesses de vários grupos, inclusive governos e partidos políticos. Corajosamente, alinhou-se aos que criticam os protagonistas do mensalão e, por isso, foi atacado duramente por blogueiros a serviço do PT. Mostrando seu caráter, publicou todos os ataques, inclusive aqueles, infelizmente comuns, eivados de ódio, leviandade e baixarias.

É curioso que tenha sido justamente um governo do PSDB – no caso o de Alckmin – o autor da ação que o levou a interromper seu trabalho. Curioso e revelador. O episódio mostra que ainda estamos longe de uma verdadeira democracia, pois, nesta, críticas não são confundidas com agressões nem ofensas, mas respondidas com argumentos. Quando estes faltam, os falsos democratas apelam para suas armas prediletas: xingamentos, censura, ameaças. E isso vale para todos os grupos políticos, assim como para criminosos em geral.

Aliás, uma brilhante análise a respeito foi publicada pelo grande jornalista Carlos Brickman, no site Observatório da Imprensa. Vale a pena ler, mesmo para quem não é jornalista.

Ao me informar sobre o caso, fiquei pensando onde estarão os dirigentes do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, tão ativos quando se trata de defender seus apaniguados, e da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), que diz lutar pela liberdade de imprensa. E os da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), que gostam de se esconder atrás da gloriosa história da entidade, que já teve como presidente figuras inatacáveis como Barbosa Lima Sobrinho e Prudente de Moraes Neto. Onde se afugentaram desta vez?

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