O amigo Roberto Mattos, que é revendedor e instalador de equipamentos eletrônicos no Rio de Janeiro, volta e meia relata pelo Facebook suas experiências com clientes (ou seriam “crientes”?). São casos infelizmente comuns, e dão uma boa ideia da atitude de certas pessoas, que confundem “inteligência” com “esperteza” e “educação” com “subserviência”.

Um dos mais recentes foi o de alguém que iria viajar aos EUA e pediu indicação de um projetor para comprar lá. Ao ouvir a recusa, o candidato a esperto tentou argumentar que, na volta, levaria o aparelho para o Beto instalar.

“Não instalamos produtos que não vendemos”, foi a resposta.

A alegação era que os aparelhos aqui custam “muito caro”. Diante da insistência, Beto sugeriu um serviço de consultoria.

“Mas eu terei que pagar para você me dizer o que eu vou trazer?”, retrucou o cidadão.

“Sim, eu trabalho com isso, me diga uma boa razão para eu lhe prestar uma consultoria grátis. Tenho 20 anos de experiência na área, fiz cursos na Europa, Japão, EUA… você acha que tudo isso saiu de graça?”

Já em tom mais ameaçador, o tal criente saiu-se com esta: “Vou trazer tudo de fora, e eu mesmo instalo. Se quebrar, mando para a assistência técnica aqui no Brasil.”

“Só tome cuidado, porque os importadores não fazem assistência técnica se o equipamento não foi importado por eles.”

“Mas tem que fazer. Sou advogado e meto o pau neles…”

Antes de encerrar a conversa, Beto usou uma oportuna analogia: “Imagina se eu te pergunto se você pode me ajudar com um problema jurídico aqui na loja.”

“Mas aí você quer uma informação sem me contratar.”

“É a mesma coisa. Ninguém pode nem deve trabalhar de graça.”

Pois é, acontece todo dia em algum lugar do Brasil. Já ouvi dezenas de histórias semelhantes, variando apenas o grau de insolência e cara-de-pau. Para algumas pessoas, ética, leis, cortesia e respeito só valem para um lado. É como aquele juiz do Supremo que trabalhava para o PT e não se sentiu constrangido de julgar o mensalão (e, claro, inocentar os acusados). Ou do presidente da OAB, que cansou de condenar a construção da hidrelétrica de Belo Monte, até o dia em que foi contratado pela construtora responsável (não acreditam? Leiam a notícia aqui).

De fato, ganhar a vida honestamente é bem mais difícil. Por sinal, este vídeo ilustra a questão de modo exemplar.

2 thoughts on “Clientes muito “espertos”

  1. Obrigado pelo relato Orlando. Infelizmente tem vários “espertinhos” que acham que se trouxerem de fora, nós teremos a obrigação de instalar.

    Vou deixar aqui registrado o que sempre disse… “NÃO ME PEÇA PARA FAZER GRÁTIS O QUE EU GANHO PARA FAZER”.

    Grande abraço !

  2. Orlando, simplesmente meus parabéns pela matéria!! É pura verdade, DOA A QUEM DOER!!

    Ultimamente, também estou tendo muitos desses problemas com alguns clientes ´´espertos´´. tem gente que traz quase tudo dos EUA, e o fato de pagarem muito barato lá (Como se os valores caros aqui fossem culpa dos fabricantes e revendas) na hora que nós fazermos o orçamento para instalar, o cliente acha muito caro, pois ele simplesmente associa o valor barato dos equipamentos com o nosso conhecimento, achando que também deve ser barata a mão de obra. sem dizer que isso não acontece somente com receivers, subwoofers, bluray e projetores, acontece também com itens simples, como cabos hdmi ou vídeo componente. vc acredita nisso?! Um absurdo!!

    Engraçado que alguns desses clientes gastam muito mais em coisas as vezes não tão importantes, ou até mesmo toscas, e na hora de nós revenda/prestadores de serviço quando cobramos pelo nosso, a maioria acha caro!!
    Sinceramente, não sei que essas pessoas acham, ou pensam da vida. na verdade, eles devem procurar um furador de paredes e puxadores de fios, onde tem espalhados por aí em formatos de redes de magazine, enfim…

    Tem gente que gasta R$ 1.120,00 em uma garrafa de vinho ou até mesmo de cachaça com 750 mililitros, mas o mesmo não desembolsa entre R$ 280,00, R$ 1.400,00 ou mais por uma consultoria (Dependendo do porte do equipamento que ele vai comprar nos EUA, oou concorrente), ou até mesmo aceita pagar R$ 260,00 por uma instalação de tv de 46 ou a 55 num suporte de parede.

    Na verdade, aqui na terra dos Tupis Guaranis, NÃO HÁ CULTURA, e MUITO MENOS RESPEITO pelos VERDADEIROS profissionais na área de tecnologia de modo geral, em especial a nossa, que consiste em aúdio, vídeo, automação e todas as extensões e variáveis que partem deles.

    O cliente não quer saber ou não entende pq o nosso conhecimento tem um custo elevado, e os produtos tem preço alto,
    – Primeiro; Nòs investimos em nosso aprendizado e pagando caro por esses custos, pois ninguém fará isso para a gente.
    – Segundo: O Governo nos furta em valores INCONCEBÍVEIS em taxas e impostos COBRADOS ABUSIVAMENTE, E DE FORMA DESENFREADA E SEM PRECEDENTES, pois se pelo menos ele investisse de forma verdadeira e qualitativa para a população não seria tão ruim. mas o sistema do governo é HIPÓCRITA E FALHO, e por isso todos querem trazer algo dos EUA. até eu já pedi para trazer algo (Nada de aúdio e vídeo, mas coisas simples e pequenos, mas não tive sorte que trouxessem para mim).

    Deixo uma pequena estória, que não lembro ao certo onde li ou ouvi, mas ela é perfeita para clientes que NÃO respeitam o trabalho de nós, VERDADEIROS profissionais da área. a estória é mais ou menos assim:

    Um dono de uma grande empresa tinha uma máquina que estava com problemas, e não estava funcionando de forma alguma, pois essa máquina era que garantia o faturamento diário dessa empresa. Após algumas visitas de outros técnicos, não houve o sucesso esperado, até que apareceu um técnico que acabou resolvendo eficazmente o problema do dono da empresa.

    O dono todo maravilhado e aliviado perguntou ao profissional;
    – Nossa que maravilha! Quanto custa o seu trabalho, quanto ficou o serviço?

    O técnico faz o relatório apontado as descrições do trabalho realizado, mencionando um valor de R$ 1.000,00.

    Ao receber o relatório, o empresário se assusta com a descrição de valores, sendo o seguinte conteúdo:

    Causa indentificada – Parafuso apertado, o qual impedia todo o funcionamento da máquina de produção = R$ 100,00
    Saber qual era o problema da máquina na qual não funcionava = R$ 900,00

    Aí o empresário injuriado disse que aquilo era um abuso, somente porque ele estava desesperado pela máquina não iria aceitar a pagar aquele valor que ele julgava absurdo, e que não iria indicár ele pra ninguém, e muito menos chamá-lo novamente!

    O técnico respondeu o seguinte; Para apertar o parafuso custa realmente R$ 100,00 , mas para saber qual era o parafuso custa R$ 900,00.

    Moral da história: obter conhecimento tem um custo caro, e horas de dedicação, cursos e estudos, além de amor ao que faz (Nem tds pensam assim como eu). portanto, o conhecimento tem valor e custa caro, quer que alguém goste ou não!

    E em relação aos furtos via impostos abusivos injetados em vários produtos que não apenas seja eletroeletrônicos, NÃO TEM NADA a ver com aquele comercial HIPÓCRITA do Governo Federal, na qual somos obrigados a ouvir diarimente dentre alguns canais de comunicação via rádio, e tv que diz o seguinte:

    ´´PAÍS RICO É UM PAÍS SEM POBREZA´´

    Na verdade, essa frase é HIPÓCRITA e CÍNICA, pois a frase ideal é:

    ´´PAÍS RICO, É PAÍS SEM ROUBALHEIRA, NOS IMPOSTOS E ATRAVÉS DE ALGUNS POLÍTICOS SAFADOS´´

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