Acaba de ser divulgado o novo relatório da consultoria Parks Associates, que periodicamente estuda as tendências da indústria eletrônica e os mercados multimídia pelo mundo afora. Anotem: ao longo de 2013, a quantidade de residências com banda larga em todo o mundo irá ultrapassar a casa de 650 milhões. E cerca de 430 milhões (66% delas) estará equipada com uma rede doméstica.

O conteúdo completo do estudo pode ser baixado neste site, mas não chega a ser propriamente novidade. Todo mundo sabe que as pessoas cada vez mais querem conexões rápidas, seja para trabalho, estudo, entretenimento ou simplesmente para se manter informadas (ou tudo isso junto). E também já saíram centenas de pesquisas sobre o aumento das redes residenciais, especialmente sem fio, para facilitar o compartilhamento. Passando os olhos pelo relatório, o que achei mais interessante foi a tendência que os usuários revelam, de procurar um único provedor que lhe ofereça todos os recursos disponíveis, incluindo acesso a redes móveis. A maioria acha, com razão, que isso simplifica bastante as coisas, além de tornar os serviços mais baratos.

É o que já acontece nos chamados mercados maduros, como EUA, Canadá, Alemanha, França e Suécia: poucas operadoras grandes estão oferecendo pacotes que englobam a maior quantidade possível de serviços, com o assinante pagando um valor fixo mensal. Além do já tradicional triple-play (internet, TV e telefone fixo), esses pacotes já agregam celular e começam a incorporar recursos de segurança, monitoramento remoto da casa e o conceito de múltiplas telas (multiscreen).

Para o usuário, a vantagem é que só precisa administrar uma conta e, na hora de reclamar ou solicitar um serviço extra, basta chamar uma empresa, não várias. Isso, é claro, não garante a qualidade do fornecimento, apenas é mais cômodo. E, claro, só dá certo quando há uma fiscalização permanente, tanto por parte do usuário (que deve exigir uma prestação de serviço decente) quanto pelas autoridades do setor. Estes dois itens é que me fazem descrer da pesquisa quando se pensa no Brasil. Aqui, as pessoas não sabem cuidar do que é seu: ou não reclamam, ou então reclamam demais, e muitas vezes sem razão. E as otoridades, como se sabe, ou são incompetentes para fiscalizar, ou estão mais preocupadas com politicagem.

A Parks não especifica quais países foram pesquisados. O estudo foi baseado em dados divulgados pelas grandes empresas e pelas entidades internacionais do setor. Por isso, não sei se tudo se aplica ao mercado brasileiro. De qualquer maneira, servem como referência. Alguns pontos que a empresa destaca:

*Usuários de tablets gastam, em média, seis horas por semana para ver conteúdos de vídeo nesses aparelhos (o dobro do tempo registrado um ano atrás);

*Na Europa, dois terços dos assinantes de TV têm acesso a serviços do tipo TV Everywhere (Netflix, Amazon Video etc);

*Cerca de 20% dos usuários de smartphones assistiram a vídeos nessas telinhas nos últimos 30 dias;

*O número de tablets existentes no mundo já é igual ao de desktops, cujas vendas vêm diminuindo;

*Com o tempo, as pessoas vão refinando a forma de usar aparelhos portáteis. Em 2011, a média para smartphones era de 19 aplicativos comprados e seis usados com frequência; no final de 2012, os números caíram para 14 comprados e apenas quatro de uso contínuo;

*Nos EUA, um terço dos motoristas já têm recursos de conectividade em seus carros, mas na prática estão interessados mesmo em aplicativos de navegação (GPS) ou que forneçam dados sobre a performance do automóvel.

Este último aspecto vem sendo motivo de muita especulação. Na semana passada, por exemplo, durante a CES vários fabricantes de automóveis demonstraram o está sendo chamado de self-driving car (numa tradução livre, seria o “carro que dirige sozinho”). Mas é algo para um futuro ainda distante. Já o multiscreen é para ontem: está acontecendo e será cada vez mais parte de nossas vidas – como, aliás, mostra bem este artigo.

1 thought on “Redes, redes e mais redes.

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