Em reunião nesta terça-feira em São Paulo, o prefeito Fernando Haddad disse ao ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que entre suas “políticas públicas” está a instalação de uma rede Wi-Fi gratuita na capital paulista. Detalhe: Haddad não pretende investir um centavo para isso. A rede seria montada a partir das novas torres de celular que o Ministério está negociando com as operadoras, na tentativa de descongestionar o caótico serviço prestado atualmente. Por seu tamanho e complexidade geográfica, São Paulo é vista como um grande desafio. “Se conseguirmos resolver isso aqui, conseguiremos em qualquer lugar do país”, comentou o ministro após o encontro.

Pode parecer brincadeira, mas instalar uma torre – ou mesmo um poste – em São Paulo é algo que exige nada menos do que sete licenças!!! Se quisesse resolver mesmo o problema, Haddad já teria, no primeiro dia de mandato, determinado que essa aberração fosse extinta. Como sabe qualquer paulistano que já tentou obter um alvará ou uma licença para construção, a rede de corrupção na Prefeitura paulistana vem sobrevivendo a todos os prefeitos, que entram e saem sem mudar um milímetro da situação. O prefeito atual deve saber bem disso, tanto que resolveu transferir a responsabilidade para o Ministério e as operadoras: concorda em liberar as licenças, desde que a) haja Wi-Fi grátis para todo mundo; e b) retirem-se os horrorosos fios que poluem a cidade e sejam feitas ligações subterrâneas.

Segundo Paulo Bernardo, a presidente Dilma vem cobrando mais agilidade na questão da infraestrutura e quer lançar, o quanto antes, o que em Brasilia está sendo chamado de “PNBL 2.0” (como se o “PNBL 1.0” já estivesse voando…). Sua ideia de agilização é, em vez de erguer torres, instalar ERBs (estações rádio-base), que são caixas conversoras de pequeno porte, em postes e muros. Para isso, foi pedido às operadoras que apresentem um plano em 30 dias.

Não, você não leu errado: todos os parágrafos acima foram tirados do site Mobile Time, que entrevistou o ministro após a reunião com Haddad. É assim que se brinca de governar no Brasil, prometendo tecnologia na base do decreto e do “vamos lá, moçada”. O mais engraçado – para não dizer “trágico” – foi quando Bernardo, citando mais uma vez a presidente, comentou que nem ela está satisfeita com a internet brasileira. E cobra que a infraestrutura de telecom “passe a ser tratada como as ferrovias e os aeroportos”.

Ou seja, o que está ruim pode ficar pior ainda.

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