Daniel S. Loeb: já ouviu falar? Eu também não. Até hoje, terça-feira, quando esse cidadão virou personagem do New York Times e daí para o mundo. Poderia ser apresentado como “o homem que queria comprar a Sony”, e só esse título daria argumento para um filme. Queria, não, quer. Loeb é dono de um fundo de investimentos da Califórnia, chamado Third Point, que entre outras propriedades possui a Yahoo.com, e a revista Forbes calcula sua fortuna pessoal em US$ 1,5 bilhão. É menos que o “nosso” Eike Batista, mas já dá para pensar em arrematar uma parte do império japonês da tecnologia que já foi dono do mundo.

Neste fim de semana, Loeb foi pessoalmente a Tóquio levar uma carta-proposta ao presidente da Sony, Kazuo Hirai, que – mesmo dizendo que a empresa não está à venda – não podia deixar de recebê-lo. Afinal, Loeb é hoje o maior acionista do grupo, com 6,5% de participação, e não está nisso para brincar. Acha que a Sony precisa voltar a dar lucro e, mais do que isso, garante ter uma receita para tal façanha. “É necessário retomar o foco”, escreveu ele na carta. “Temos certeza de que, com as recentes medidas do governo, o Japão voltará a ser forte como sempre foi. Mas é preciso disciplina para recuperarmos as margens de lucro.”

Atitudes como essa, partindo de um acionista importante, não são raras no mundo corporativo, e todos os relatos são de que Hirai e seus executivos receberam bem o ilustre visitante. O único problema: a carta vazou para um repórter do New York Times! Acabou-se assim o segredo. Todos ficaram sabendo que Loeb propôs, na prática, comprar a divisão de entretenimento do grupo, que inclui Sony Pictures e Sony Music, hoje avaliada em cerca de US$ 7 bilhões. Ao lado da divisão PlayStation, é a única parte do grupo que vem dando lucros seguidos. Loeb, com pleno trânsito em Hollywood e em Wall Street, acha que isso não basta: é preciso cortar custos para aumentar os lucros, até que o setor eletrônico volte aos trilhos.

Há cerca de 30 anos, o mundo se surpreendeu ao ver a Sony, assim como outras gigantes japonesas, comprar empresas americanas a rodo, incluindo símbolos como Columbia, RCA e até o Rockefeller Center. Agora, para acertar seu orçamento, o grupo Sony já teve que vender boa parte do que havia comprado, inclusive o majestoso Sony Building, no centro de Nova York. Pode ser que Loeb não consiga (o conselho de acionistas é que irá decidir), mas a simples revelação da carta já fez as ações do grupo subirem na Bolsa de Tóquio – coisa que não acontecia desde 2008.

Para quem quiser ler, a reportagem original do NY Times está neste link.

1 thought on “Coisas de bilionários

  1. Deveria ter vendido… Quando os chineses começarem a vender produtos tidos como “hi-end” hoje em dia a preço de banana, os grandes vão sucumbir um amargo prejuízo!

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