TVs 3DDois ou três anos atrás, estávamos todos aqui comentando sobre os benefícios e o potencial da tecnologia 3D, espantados com o sucesso de Avatar e outras superproduções do cinema. A maioria dos fabricantes realmente acreditou que ali estava uma nova revolução tecnológica, a qual a maior parte dos consumidores iria abraçar. Hoje, o consenso no mercado é exatamente oposto: 3D continuará sendo uma tecnologia premium, mas restrita a no máximo 20% dos usuários (esse foi o percentual de vendas de TVs 3D LCD em 2012, segundo a consultoria internacional IHS).

Nos bastidores da indústria, o comentário mais comum é o de que Hollywood não fez a sua parte no acordo que, em 2010, reuniu todos os setores interessados: fabricantes, emissoras, produtoras e estúdios. Nos cinemas, é possível cobrar ingresso mais caro de quem quiser mesmo ver um filme de ação em tela IMAX (ou equivalente). O apelo entre jovens e crianças é inegável, e grande parte deles não se incomoda em usar os óculos durante duas horas. A imagem é envolvente, o som circula em torno das cabeças e todo mundo sai da sala certo de que viveu ali uma experiência única.

Em casa, é completamente diferente. Não é comum ficarmos duas horas contínuas na frente do TV. Nesse período, levantamos algumas vezes, toca o telefone, vamos ao banheiro e o controle remoto é acionado a toda hora; diferente do que acontece, por exemplo, assistindo a um programa ao vivo. Se o filme é 3D, essa rotina implica em colocar e tirar os óculos várias vezes; erroneamente, os fabricantes não dotaram os TVs de um recurso que permita ver ao mesmo tempo imagens 3D (com óculos) e 2D (sem). Ajudaria muito, nas situações em que várias pessoas estão na sala vendo o mesmo conteúdo.

Bem, mas isso é apenas um detalhe. Mesmo com os TVs 3D custando quase o mesmo preço dos convencionais, o consumidor não faz questão desse benefício. E aí entra a queixa contra os estúdios: a quantidade de filmes lançados em 3D até hoje é pífia, insuficiente para atrair pelo menos metade dos possíveis compradores. Não há saída a curto prazo: o custo de produzir um filme nesse formato é muito mais alto, e Hollywood hoje é dirigida por financistas, não por artistas.

Para as emissoras, o problema é ainda mais complexo. Mesmo conseguindo fazer captação em 3D, como já acontece em grandes eventos, jogar esse sinal no ar exige uma ginástica tecnológica cujo custo-benefício ainda é alto. Os softwares de compressão disponíveis não dão conta da qualidade a que os telespectadores estão se acostumando (resolução HD, 1080i). Resta a TV paga, mas o que acaba de acontecer com o canal ESPN 3D nos EUA é um péssimo sinal. Dois anos depois de lançado, não veio a audiência, e consequentemente também não vieram os anunciantes que bancariam a ideia, talvez avançada demais para o nosso tempo.

Na prática, fica claro que, enquanto for preciso usar óculos, os TVs 3D não irão decolar. E cai-se no velho dilema do ovo e da galinha: não se fazem filmes porque há poucos receptores instalados, e não se vendem mais TVs por falta de conteúdo.

Em tempo: para quem quiser saber mais detalhes sobre a tecnologia 3D, este hotsite é uma boa indicação.

3 thoughts on “O dilema da tecnologia 3D

  1. Minha opinião: tenho gostado de assistir futebol no 3D simulado. TV Samsung ES8000 55’. Basquete também fica bom, mas o futebol é fera. Detalhe: a fonte tem que ser Net HD.

    Impressão minha comparativa: a final da Champions League, que a própria ESPN transmitiu em 3D, não supera muito a simulação que a TV vem oferecendo.

    Quando as cenas são filmadas mais ao nível do campo, o efeito é bem interessante. Mais ao alto, tipo visão panorâmica, não se percebe quase nada. O efeito praticamente desaparece.

    Nas olimpíadas, a Net disponibilizou canal especial 3D. As provas de ginástica ficaram impressionantes. Naquelas argolas, cavalo, barras, onde a filmagem era próxima, o efeito era incrível. E no solo, quando filmadas na altura do atleta, maravilhosas.

    Na TV o óculos é leve. Incomoda muito menos que os óculos oferecidos pelos cinemas. No projetor, a imagem impressiona muito mais, é muito maior, a sensação é muito mais intensa. Em compensação, o óculos é um pouco maior, um pouco mais pesado.

    Comparação: o da TV (Samsung SSG 5100GB) pesa 23g, e o do projetor (Optoma ZF2100) 39g. Claro, não é o peso que incomoda, mas o uso. E isso depende da pessoa.

    Tem gente que evita cinema 3D. Se enjoa, fica tonto, etc. Em casa, mesma coisa, com o detalhe de que se pode alterar a programação na hora. Inclusive com o mesmo filme em projeção normal só Full HD 1080p, sem 3D.

    Enfim, hoje em dia é difícil encontrar por aqui alguma TV de ponta que não tenha 3D nem seja Smart. Todas tem. Se quem compra vai usar é outra coisa.
    Até porque usar internet ‘catando milho’ deve ser um inferno. Me lembro do Nokia N95 que até tinha internet. Se desistia na 1ª tentativa.

    Mas para Youtube quebra um bom galho, para Skype é perfeita. Netflix idem. Além do que as Samsung tem a nuvem deles, que sincroniza celular, tablet, o que for Samsung, compartilha, uma infinidade de coisas. Haja folhas de manual para saber o que é possível. Eu diria que tudo, sem medo de errar.

    Já os projetores são…. só projetores. Se prestam super bem ao que se propõem: trazer para a sala a sensação do cinema em casa. Com tudo que o cinema requer, inclusive ambiente escuro, som excelente, conforto para ver, curtir, aproveitar e se acomodar.

    O preço do projetor em si é barato. O que encarece é o entorno, a estrutura que ele requer para o prazer ser completo: mobília, refrigeração, tela, som, espaço em geral. Some-se a isso adega, frigobar, icemaker, nespresso, equipamentos e acessórios, inclusive blackout, cortinas, tudo motorizado ou não, daí se tem uma noção melhor do tamanho potencial do investimento.

    Uma coisa que posso afirmar sem dúvida: para quem aprecia cinema o retorno é extraordinário. A sensação de recriar o adorado e incomparável cineminha querido, mantidas todas as proporções, dentro da nossa própria casa, a meros cliques de controles remotos, é maravilhosa, inigualável. Diria ainda que é o ápice do prazer, claro, para quem gosta mesmo de cinema, como eu.

    Grande abraço desse seu admirador.

    Alex Melillo

  2. Recentemente montei uma sala de cinema em casa e um dos requisitos foi o de que eu queria uma TV 3D. Já tinha noção de que não usaria nem 5% do tempo, falta de conteúdo mesmo com videogame, etc, porém a ideia é estar preparado para pelo menos mais 5 anos. Acabei escolhendo uma smart tv samsung irmã maior do que uma smart tv 32″ sem 3d que eu já tinha.
    Nessa smart eu utilizo vários recursos, inclusive navegar enquanto assisto TV com a função PIP, porém a grande decepção fica por conta do processador, muito fraco em ambas, esperava um processador melhor na tv maior, principalmente por ser 3d e exigir mais processamento. Navegar com mouse e teclado ajuda, porém não é uma experiência sequer igual a um celular, pois o sistema teima em exibir teclado virtual quando acionamos um campo de texto num site e vários aplicativos não suportam teclado, inclusive o app do Youtube não suporta nem mouse.

    Assim como foi comentado acima, uma das coisas que me aborrece nem é o fato de que hoje não existe TV acima de 55″ não 3D, é de que tudo acima de um certo nível é smart. Pra quem já tem uma boa TV, que não existe sem funções smart tv, qual a serventia de um home theater smart? E se já tiver um videogame, que também faz as vezes de leitor de bluray e conteúdos smart? Isso foi um detalhe que me chamou atenção, a inexistência de bons sistemas de HT não smart numa faixa de preço média. Daí, o jeito é partir para marcas com tradição em sonorização, porém mais caras ou procurar um bom HT mais antigo, que só leia DVD mas que fosse um top de linha.
    Cabe aqui uma definição sobre o que vem a ser “smart”, basicamente é todo equipamento que lhe permite instalar aplicativos extras, ou seja, uma tv ou dvd que apenas lê pendrive não é considerada smart.

    Outro problema recente é que como o 3d não se popularizou, a indústria teve que fazer algo para incentivar o consumo, nesse caso é o “padrão” 4k que nem é padronizado ainda. Preços absurdos numa tecnologia antiga e fácil de lançar e que pode ficar rapidamente defasada se as emissoras japonesas adotarem o 8k. Basicamente, o 4k é simplesmente unir 4 telas full hd de 32″ para fazer uma tv de 64″ 4k. Já a câmera 4k, basta liberar os sensores de nossas câmeras de 8mp filmarem com todos os pixels.

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