O ótimo site IPNews, especializado em telecom, divulgou recentemente uma raridade: notícias sobre a Netflix. Esta é uma das empresas mais fechadas do mundo, seguindo a “tradição” de outras gigantes da tecnologia, como Apple, Amazon e Oracle. A não ser o que divulgam (por força de lei) em suas assembleias de acionistas ou em esparsas entrevistas, pouco se sabe sobre elas.

No caso da Netflix, que começou a operar no Brasil há cerca de dois anos e já é, de longe, a maior fornecedora de conteúdo digital sob demanda no país, os segredos são ainda mais bem protegidos. Mas Flavio Amaral, executivo brasileiro que atua na área técnica da empresa, participou de um evento em São Paulo, em junho, e revelou parte da estratégia para crescer no mercado brasileiro. Segundo ele, a Escandinávia – região composta de cinco países: Suécia, Dinamarca, Finlândia, Noruega e Islândia, que somam pouco mais de 20 milhões de habitantes – consegue gerar mais tráfego, em gigabytes, do que o Brasil inteiro. “A Escandinávia mostra que um provedor pequeno pode prover acesso bom ao conteúdo, e essa é uma realidade que temos que mudar no Brasil”, disse Amaral.

Apesar da infraestrutura sofrível (54% dos usuários brasileiros só têm acesso a, no máximo, 2Mbps), Amaral acredita no potencial do país. E, para expandir os negócios aqui, pretende intensificar parcerias com pequenos e médios provedores. A Netflix se propõe a fornecer um servidor, que atualiza os conteúdos diariamente, e o provedor deve se comprometer com conexões de fibra óptica para seus clientes, que teriam velocidade de 10Gbps.

Que o número de provedores médios e pequenos está crescendo, já se sabe. Mas as grandes operadoras estão investindo pesado, e tudo indica que teremos nos próximos dois ou três anos um enorme salto de qualidade nesse setor, apesar das barbeiragens do governo. O desafio para a Netflix, portanto, é chegar nos locais certos antes de Net, Vivo, Oi, GVT etc. Difícil? Claro, mas também é difícil imaginar momento mais oportuno para quem quer conquistar o mercado.

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