glasses-free-3d-tvFilmes em 3D continuam fazendo muito sucesso – nos cinemas. Mas dez entre dez executivos da indústria já chegaram ao consenso de que, enquanto for necessário usar óculos, o conceito 3D at Home não irá decolar. Com isso, fizeram tocar um sinal de alarme em Hollywood, onde era grande a aposta. Segundo o jornal Hollywood Reporter, agora é interesse de todos correr atrás de uma solução e viabilizá-la comercialmente o mais rápido possível.

Depois que a ESPN decidiu tirar do ar seu canal exclusivo 3D (como comentamos aqui), o tema passou a ser discutido com mais ênfase. Logo após encerrar as transmissões em 3D do Torneio de Tênis de Wimbledon, no início do mês, a BBC inglesa também anunciou que irá interromper os investimentos nessa tecnologia. Restam agora sete canais de TV 3D ao redor do mundo: 3net (parceria entre Sony, Discovery e Imax, disponível apenas nos EUA), BSkyB (Reino Unido), Sky (Alemanha e Itália), NHK (Japão), CCTV (China) e Al Jazeera (financiada pelos emirados árabes).

“As pessoas desistem quando têm de usar óculos”, explicou Andy Quested, diretor de conteúdos 3D da BBC, após dois anos com o canal no ar. Ele é um dos que acham que esses serviços só vão se pagar – isto é, atrair mais audiência e publicidade – quando não for necessário o acessório. Uma solução talvez esteja na empresa Stream TV Networks, que patenteou o sistema UltraD, um 3D sem óculos baseado em displays 4K. Recentemente, a empresa fez uma demonstração em Londres, onde surgiram rumores de um acordo com a LG para colocar o produto no mercado ainda este ano.

O conceito é converter imagens Full-HD em Ultra-HD (4K) para depois exibi-las em 3D. Como se sabe, 4K apresenta resolução de 3.840 x 2.160 pixels, o que, dividido por dois (uma imagem para cada olho), resulta em 1.920 x 1.080. “Nosso software calcula a diferença entre as imagens e libera a quantidade de pixels necessária”, explica, assim vagamente, o CEO da Stream Networks, Mathu Rajan. O homem ainda vai além: “Se entrar um sinal 4K, o software o transforma em 8K”.

Claro, sabemos que esse tipo de conversão (upconversion) não costuma dar bons resultados. É um processo por demais artificial. Lendo a entrevista, descobri que essa Stream Networks é sócia da SeeCubic, empresa fundada na Holanda por ex-técnicos da Philips. Conheci alguns deles três anos atrás, na IFA, quando demonstraram um sistema de 3D sem óculos e explicaram que saíram do grupo justamente para investir nessa tecnologia – coisa que a Philips não quis bancar; a mesma Philips que, agora associada aos chineses da TPV, se juntou à Dolby para desenvolver o que está sendo chamando de Dolby 3D, com apoio de gente como o cineasta James Cameron. Na época, o que eles mostraram não era muito convincente: só ficando bem de frente ao TV para perceber os efeitos tridimensionais.

Talvez agora o processo esteja mais avançado. Veremos isso na IFA 2013, em setembro. Em Hollywood, tem muita gente torcendo para que dê certo.

Aos interessados, mais dois textos a respeito:

O dilema da tecnologia 3D

Indústria do 3D faz sua autocrítica

4 thoughts on “TV 3D sem óculos: quais as chances?

  1. TALVEZ O MAIOR PROBLEMA DO 3D “IN HOME” NÃO É TANTO O USO DOS TAIS ÓCULOS, MAS SIM O PREÇO PROIBITIVO DESSA MÍDIA EM BDs, tão caros nos States, Europa, quanto aqui na terra tupiniquim. Ontem assisti, alugado, o chatíssimo filmes “G.I. Joe – Rataliation” em 3D convertido (não é 3D nativo) e achei os seus efeitos em 3D fabulosos, sem nenhuma ocorrência do tal “crosstalk” na minha 65VT50b, e olha que eu uso os excelentes óculos R.F. 3D (tecnologia via Bluetooth) sobre os meus óculos de grau, e não senti nenhum incômodo em ficar mais de 2 horas com eles. Comprar esse e outros BDs 3D pagando mais de R$50,00? NUNCA!!! Filmes para colecionar em 3D só os que impressionam em tudo: bom preço, tecnologia, 3D perfeito e uma excelente estória, que ultimamente anda muito em falta. Quanto à tal objeção aos óculos 3D, por parte da mídia formadora de opinião, eu replico: e para quem possui excelentes projetores 3D, que obrigatoriamente precisam dos tais óculos 3D, será que eles deixam de assistir algum conteúdo em 3D só por causa dos tais óculos…?… Em tempo: deixei de alugar o filme “Oz, Mágico e Poderoso” por culpa da Disney, que deixou de lançar esse filme por aqui no formato 3D, mas que está fazendo muito sucesso nos H.T. no exterior justamente pela sua opção em 3D, que me reportaram ter um efeito stereoscópico muito convincente.

  2. Legal, Walter, obrigado por seus comentários e informações. Acho que tudo dificulta nesse caso: a falta de bons títulos a preços razoáveis com certeza também desestimula os consumidores. Abs. Orlando.

  3. Olá Orlando .

    Porque a tecnologia 3 D nao decolou ? Pra mim , como venho acompanhando as materias , é justamente pela fato do cidadão ter que usar oculos para ver em 3 dimensões . No dia 15 de Julho 2013 , vi uma materia em que dizia ; ” Fabricantes querem 3D sem óculos como alternativa ..criar tecnologias para mostrar vídeos em três dimensões sem a necessidade do uso de óculos.” .
    Ver filme usando oculos ,nao esta trazendo para as grandes marcas ( fabricantes de tvs ) lucros significativos e por isso estão na expectativa e na rapidez se a tecnologia evolui ou nao sem o uso dos oculos e é claro com angulo de visão e qualidade de imagem .
    Quero dizer que nao sou eu a razão da verdade , apenas informaçoes que vem la de fora de que , a tecnologia 3D nao decolou , rejeição é enorme por causa da obrigatoriedade em usar oculos para ver 3D .
    Eu particularmente ,preservo a qualidade de imagem em um otimo televisor e nao em 3D por questão dos oculo !
    Se eu estiver errado , gostaria que o Senhor Orlando Barrozo ,me corrige , pois nao sou um especialista no assunto , apenas um modesto conheçedor do assunto , graças como acima as informações que nos passou .
    Saudações a todos os amigos do blog .

  4. Honestamente não acho que os óculos sejam uma barreira tão forte. Os óculos ativos são pesados e isto, sim, traz incômodos. Sentimos uma desconfortável pressão no nariz e quer queira quer não queira, a abertura e fechamento das lentes, por mais imperceptível que seja, junta-se ao desconforto mencionado. Quando termina o filme, é um alívio retirar os óculos.
    A tecnologia passiva ( dos cinemas) é menos ruim. Os óculos não pesam e seus olhos ( leia-se cérebro), não são tão forçados quanto na ativa.
    Abs aos amigos.

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