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Um dos acontecimentos mais importantes dos últimos tempos foi o anúncio, na segunda-feira, de que o bilionário Jeff Bezos, fundador da Amazon.com, adquiriu o controle do jornal The Washington Post. Até pouco tempo atrás, o “Post” era considerado o segundo jornal mais influente dos EUA, atrás apenas do New York Times. Neste mundo multimídia, porém, influência não é sinônimo de faturamento, muito menos de lucro. E o jornal que deu um dos maiores furos do século 20 (o escândalo de Watergate) vinha sofrendo por não saber se adaptar às novas tecnologias.

A informação oficial é de que Bezos pagou US$ 250 milhões pelo Post, o que equivale a cerca de 1% de sua fortuna (segundo a revista Forbes). Gente assim pode se dar ao luxo de jogar dinheiro fora, mas não parece ser o caso do “Amazon-man”. Primeiro, porque trata-se de um ex-executivo de Wall Street, celebrado justamente por saber ganhar (e não perder) dinheiro. Depois, porque Bezos é, há anos, ardoroso defensor e cofinanciador do Partido Democrata. E o “Post” tem longa tradição nesse quesito. Mais até que o “Times”, sempre se pautou pela defesa das liberdades democráticas e dos direitos civis; nos anos 70, liderou uma devastadora campanha contra o envolvimento americano no Vietnã, o que lhe rendeu prêmios pela série de reportagens intitulada The Pentagon Papers (“Os Documentos do Pentágono”).

Bezos talvez seja o homem certo para revitalizar o jornal e resgatar esse seu carisma. Sempre o considerei, ao lado de Steve Jobs, um gênio na arte de entender o mercado. Em meu livro “Os Visionários“, dediquei-lhe um capítulo onde conto detalhes sobre a obsessão com que construiu a Amazon e a importância que atribui ao diálogo com o consumidor. Talvez seja exatamente isso o que falta à imprensa atual: reencontrar os caminhos da sintonia com seus leitores, num mundo de informação farta mas, ao mesmo tempo, superficial.

Já li críticas preconceituosas à entrada desse “homem da internet” num dos templos sagrados da imprensa. Bobagem. Jornalistas sempre detestam ouvir críticas, ainda mais quando vindas “de fora”. Assim como inventou o comércio eletrônico e reinventou a leitura, Bezos quem sabe consiga inventar um novo jeito de se fazer jornalismo.

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