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Ainda a propósito do Congresso da ABTA, que abriu hoje em São Paulo, não dá para deixar de registrar a fala do ministro Paulo Bernardo defendendo a tributação dos serviços OTT. Sim, esse é um desejo de dez entre dez empresas do setor de TV por Assinatura, mas – como é típico nos dias de hoje – minutos após o discurso Bernardo já era crucificado nas redes sociais, irmãs siameses do OTT.

Para quem não vem acompanhando a discussão: OTT (over-the-top) é como se denominam os serviços de áudio e vídeo pela internet, dos quais os mais conhecidos no Brasil são Netflix e iTunes. O próprio YouTube, embora gratuito (por enquanto), se enquadra na categoria, assim como novos serviços que estão chegando, via Google e Amazon, por exemplo. São redes que concorrem diretamente com a TV por Assinatura, pois alugam filmes a preços irrisórios se comparados aos das operadoras. No limite, trazem uma ameaça clara a esse mercado, como já se nota nos EUA, onde vem aumentando o número de cancelamentos das assinaturas (fenômeno que lá chamam de cord-cutting e que já analisamos tempos atrás).

Nos bastidores do setor, organiza-se um movimento para defender junto ao governo maior isonomia com esses serviços, que, por serem prestados por empresas fora do país, não recolhem impostos. “É uma concorrência desleal”, afirma o presidente da Net, José Felix. O ministro, portanto, falou aquilo que todo mundo na plateia queria ouvir. Nesse aspecto, copiou direitinho a receita de seu mentor e ex-chefe, que sempre muda o discurso de acordo com o público presente. Numa frase, porém, Bernardo confessou que a ideia de tributar os serviços OTT é de implantação no mínimo complicada. “As pessoas pagam com cartão de crédito internacional, e isso não pode ser tributado”, disse ele.

No fundo, o problema é o mesmo que já vem acometendo todas as empresas de mídia pelo mundo afora: a competição com a internet é uma guerra perdida! Faria melhor o governo (e perderia menos tempo) se pensasse em desregulamentar e reduzir os tributos das empresas brasileiras, em lugar de cobrar das estrangeiras. No mundo digital, ideias como a de exigir que esses grupos mantenham bancos de dados em território nacional, como alguém sugeriu outro dia, soam como coisa de quem está fora da realidade.

Tão lamentável quanto, a meu ver, é o fato de alguns acreditarem nessas lorotas.

2 thoughts on “OTT é o novo inimigo

  1. Como se não pagássemos imposto todas as vezes em que usamos o cartão de crédito Internacional.
    A verdade é que a TV por assinatura, que no Brasil já não era grande coisa, está cada dia pior graças às leis que entulharam os pacotes com conteúdo nacional. Talvez isto satisfaça algum público, mas dificilmente é o público mais exigente. Fora a invasão de conteúdo dublado, sendo que o decoder (pelo menos o da Net HD) não dá opção de SEMPRE preferir o som original com legenda. Todas as vezes é preciso procurar o botão do áudio e legenda no controle. Mudou de canal? Voltou ao canal anterior? Procure novamente o maldito botão de legenda e de áudio para colocar o som original. Esse problema não existe, por exemplo, na Netflix. Fez a escolha uma vez não precisa mais se preocupar.
    A TV por assinatura está se tornando irrelevante para um certo público, graças ao conteúdo inútil e à falta de facilidades que deveriam ser padrão (tecnologia existe, já é tudo digital, é falta mesmo de competência ou de vontade).
    Hoje me dei conta de que não ligo o decoder da Net desde o dia 31/julho. Assisto apenas Netflix, Hulu (em inglês mesmo, já que é melhor do que aturar a dublagem nauseante de alguns canais que nem oferecem o som original com as legendas) e CrunchyRoll. A cada dia entendo mais o por que de os americanos estarem cortando o cabo.

  2. As empresas nacionais deveriam parar de quer “a volta da reserva de mercado” e se prepararem melhor para essa “guerra”.
    Depois de 16 anos pagando TV por Assinatura (TecSat, DirecTV, Sky, Net) cansei de tanto conteúdo ruim, infinitos comerciais (que ao meu ver é um absurdo numa tv por assinatura), conteúdo só dublado, quedas de sinais, péssimos atendimentos, valores abusivos, etc., troquei pelo NetFlix e iTunes e não me arrependo. RECOMENDO!
    A própria NetFlix deixa a desejar quando comparamos o menu de escolhas americano com o que é oferecido aqui. Infelizmente para o mundo, ainda somos um país de índios e agora dirigidos por corruptos.
    O Brasil está se tornando uma grande piada (de mau gosto).

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