Já comentei aqui que não acredito muito em pesquisas e classificações genéricas, especialmente quando comparam itens tão distintos como países ou cidades. No entanto, dados desse tipo continuam alimentando estudos pelo mundo afora – e certamente mantendo o emprego de milhares de pesquisadores. O mais recente, divulgado nesta quinta-feira, vem da RobecoSAM, consultoria baseada na Suíça, e é interessante porque cria um novo tipo de ranking, do tipo “as melhores empresas para se trabalhar”. No caso, seriam os “melhores países para se investir”, e é claro que entre eles está o Brasil.

A diferença para outras listas do gênero é que foram analisados não apenas os aspectos econômicos e políticos, nem o que se convencionou rotular de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). A empresa estudou 17 fatores que têm a ver com os rumos de um país e o bem-estar de seu povo; e chegou a uma lista de 59 nações, o que dá a entender que as demais sequer merecem ser consideradas pelos investidores. Convém prestar atenção nesses fatores:

ranking futuro2Meio ambiente – Aqui, relacionam-se números referentes ao desempenho de cada país em oferta de energias renováveis, emissão de poluentes, políticas públicas de preservação e nível de conscientização da população sobre o tema.

Desenvolvimento social – Neste capítulo, cabem expectativa de vida, dados de mortalidade infantil, incidência de doenças que outros países já erradicaram, número de cidades com saneamento básico, quantidade de crianças na escola, performance dos estudantes em concursos públicos e nível dos professores.

Governança – Esse é o termo que, na pesquisa, engloba dados relacionados à corrupção (e à forma como é combatida), distribuição de renda, funcionamento da Justiça e as liberdades de imprensa, sindical e religiosa.

Cada um desses tópicos é subdividido em diversos outros, procurando desenhar um quadro que defina a capacidade de um país atender as necessidades de sua população atual e das gerações futuras. O ranking está reproduzido acima, mas arrisco alguns comentários depois de ler esses critérios. Notem que a cor laranja aparece mais, porque representa o terceiro item (governança), indicando que os critérios da pesquisa dão mais peso (60%) às questões relacionadas a corrupção, liberdade e gerenciamento. Problemas ambientais têm peso bem menor (15%) e os de caráter social, 25%. Daí porque o último lugar fica com a Nigéria, país riquíssimo em petróleo, mas com instituições frágeis e indicadores sociais deprimentes.

E o Brasil, como se coloca nesse ranking? Está ali, em 45º lugar, à frente de Índia e China, mas atrás, muito atrás, por exemplo, de vizinhos como Chile e Peru, sem falar de europeus, asiáticos e americanos do Norte. Vendo nosso país atrás até da Argentina, achei estranho e fui conferir: vejam o tamanho da barrinha azul, bem maior da linha dos hermanos. Explicado: apesar de todas as suas crises políticas, o país vizinho fez a lição de casa há muito tempo, cuidando da educação básica de suas crianças. Aqui, ainda estamos longe disso. O ranking só vem confirmar.

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