Fiquei alguns dias desconectado da política brasileira e, de retorno, percebo que a campanha eleitoral de 2014 já começou. Ou melhor, foi iniciado o vale-tudo, em que qualquer detalhe, ainda que desimportante, pode ser usado eleitoralmente. É o caso, a meu ver, da “espionagem” americana sobre a presidente Dilma e as atividades da Petrobrás. Inacreditável que um governo incapaz de cuidar da segurança interna queira cobrar transparência de alguém.

A internet já existe na vida das pessoas há cerca de 20 anos e até hoje o Brasil não tem uma legislação a respeito – descobriram agora o tal do Marco Civil, que virou “prioridade” num passe de mágica. O país é um dos líderes mundiais em número de hackers, a pirataria (inclusive online) corre solta, os serviços de telecom são uma piada, ninguém controla os dados, por exemplo, do INSS e da Receita Federal, e dona Dilma vem dar lição de moral ao governo americano? Já comentei aqui que os EUA têm maior capacidade de operar e vigiar o uso da internet, simplesmente porque são o país tecnologicamente mais desenvolvido do planeta. Rússia, China, Alemanha, Reino Unido, França, Japão e outros também fazem suas, vá lá, espionagens, na medida de suas capacidades técnicas. O Brasil, indigente em tecnologia, desempenha papel inferior ao de coadjuvante nessa história.

Se fossem mesmo para valer as ameaças, bastaria o governo brasileiro tomar a decisão, tecnicamente muito simples, de conceder asilo diplomático ao espião Edward Snowden, como propõem o Wikileaks e vários setores libertários da chamada blogosfera. Seria, este sim, um duro golpe contra o governo Obama. O problema é que talvez não renda votos.

A propósito, sugiro a todos a leitura da entrevista feita pela Folha de São Paulo com Julian Assange, fundador do Wikileaks, que está asilado na embaixada do Equador em Londres. É uma aula de internet e de estratégia política online.

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