Netflix-redesign4-578-80Uma das frases que mais ouvi em Las Vegas: content is king (em tradução literal, “conteúdo é rei”; em português para não deixar a menor dúvida, “quem é dono do conteúdo é o dono da bola”). A expressão, que teria sido criada por Bill Gates em 1996, já foi – digamos – reprocessada milhares de vezes. Um colunista da revista Forbes, por exemplo, ampliou a ideia em 2013: “Conteúdo é o rei, distribuição é a rainha”. A título de piada, mas falando mais do que sério, o publicitário americano Jonathan Perelman escreveu recentemente: “Conteúdo é o rei, distribuição é a rainha, e é ela quem usa as calças” (para ler o artigo original, acesse aqui).

Pois é, quem detém a capacidade de produzir conteúdo relevante leva grande vantagem neste mundo multimídia. Mas, se não fizer parcerias para levar esse conteúdo a uma quantidade respeitável de consumidores, corre o risco de ser ignorado. No Brasil, com nossa legislação ultrapassada e sujeita aos humores políticos, um único grupo – claro, Globo – consegue fazer as duas coisas: produzir conteúdo de qualidade e distribuí-lo através de seus múltiplos canais. Comentaremos isso nos próximos dias. No mundo civilizado, não há como isso acontecer. Os papéis são bem definidos e fiscalizados, os talentos podem se unir – sim, saber empacotar e distribuir os conteúdos também exige muito talento – e o usuário ganha muito mais opções de escolha.

Ainda assim, se há uma empresa que sai fortalecida desta CES 2014, ela atende pelo nome de Netflix. Citada como “parceira” por dez entre dez fabricantes de equipamentos e estúdios de cinema, a empresa fundada na Califórnia em 1997 não gastou nada para participar do evento e, mesmo assim, foi a mais vista pelos visitantes. Seu logotipo e seus conteúdos estavam em quase todas as telas de demonstração. Isso, é claro, tem a ver com seus mais de 30 milhões de assinantes em todo o mundo, mas também com a sigla mágica “4K”, que identifica os conteúdos em que a Netflix está se especializando.

Como já comentamos aqui, a maior parte dos TVs exibidos na CES eram Ultra-HD. E, enquanto estúdios e emissoras caminham lentamente, a Netflix já consegue oferecer a seus clientes essa qualidade de imagem, ainda que a oferta seja escassa, por enquanto. “Precisamos de um trabalho educativo”, disse o diretor de parcerias da empresa, Scott Mirer, durante um seminário na CES. “O consumidor já sabe que 4K é melhor, mas ainda não consegue enxergar os outros benefícios dessa tecnologia: maior gama de cores, mais brilho, mais quadros por segundo… Os fabricantes têm que promover essa conscientização.”

Mirer lembrou – como seu chefe, Reed Hastings, já havia feito nesta entrevista – que a Netflix está se preparando há anos para a “era do 4K”, aquela em que o consumidor irá, enfim, unir TV e internet como se fossem uma coisa só. Tão cedo não haverá transmissões de TV aberta em 4K, nem filmes e séries gravados em disco Blu-ray 4K: a revolução virá online, diz ele.

Mais do que nunca, todo mundo está de olho no que essa empresa irá fazer.

5 thoughts on “Netflix, a dona da bola (cada vez mais)

  1. Eu utilizo o sistema da NETFLIX para ver filmes na minha 65VT50b e posso afirmar que a qualidade das imagens FullHD (1.080) é excelente na maioria das minhas visualizações, e às vezes as visitas chegam até a pensar que estamos assistindo a algum Blu-ray da minha coleção. Assim sendo, fico só imaginando como será a qualidade da imagem que será gerada pela NETFLIX no novo formato 4K!!! Sr. Orlando, o que estará faltando para termos imagens em 4K numa mídia tipo Blu-ray? Seria a absoluta falta de espaço para acomodar todos os dados necessários ao formato?…

  2. Tenho assistido vídeos 4K via Netflix numa Sony 55, é simplesmente espetacular…de ficar babando com a qualidade da imagem.

  3. Boa tarde Orlando, utilizo a Netflix e em geral com boas imagens e som Dolby 5.1. Problemas só ocorrem quando a minha banda NÃO tão larga fica estreita… E aí é que fico pensando: não sei se é muita teoria da conspiração, mas como esperar que as Teles vão melhorar a infra estrutura da banda larga,dando mais “armas” para Netflix, se para elas não interessa a concorrência, visto todas estarem no setor de tv a cabo? Essas mazelas de terceiro mundo parece que nunca vão deixar de nos perseguir, é como falou um político, indiano se não me engano, “o Brasil não quer ser uma grande nação”!

  4. É verdade, Lincoln, existe um conflito sério aí. Mas, na minha opinião, o que as operadoras vão fazer é tentar cobrar mais pela banda larga mais alta. Assim, acabam ganhando em cima da Netflix. Abs. Orlando.

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