sony-vaio-mini-laptop-computer-brandConfirmando as notícias de anteontem, a Sony abriu sua crise para o mundo ao anunciar a venda da divisão Vaio e a reestruturação na área de TVs. De certa forma, a maioria das pessoas bem informadas no mercado já esperava por algo do gênero; aliás, é o que acontece em democracias capitalistas consolidadas – as notícias sobre as empresas, particularmente as grandes, circulam rapidamente devido aos interesses de seus milhares de acionistas, a quem os executivos devem satisfações. Para o bem ou para o mal, os problemas têm que ser divulgados.

Como já comentamos aqui algumas vezes, esses problemas na Sony começaram quando o fundador Akio Morita se aposentou, no final dos anos 1980, e se agravaram com o surgimento de novos concorrentes de peso, já no século 21. Entram na receita um pouco de acomodação, talvez até arrogância, dos executivos com a liderança consolidada; a demora para reagir diante da revolução chamada internet; o ataque maciço e implacável dos concorrentes chineses e coreanos; e os diversos problemas que afetaram o Japão nos últimos anos, incluindo crise econômica e até tsunami.

Diante da notícia de que a Sony está se desfazendo de sua consagrada linha de computadores Vaio (mais detalhes aqui), a pergunta que fica na cabeça de muitos é se o mesmo não irá acontecer com a divisão de TVs. Estes foram, durante décadas, o “coração” da Sony. Nos últimos anos, câmeras, games e smartphones se tornaram mais importantes (leia-se: lucrativos). Falando para jornalistas ontem em Tóquio, o CEO Kazuo Hirai garantiu que não, a Sony não irá abandonar o setor de TVs “por enquanto”. A frase de Hirai foi sugestiva: “Para o futuro, há muitas possibilidades”.

Quais? Abre-se agora a temporada de especulações. Assim como a morte de Steve Jobs deu a muitos a noção de que seria o fim da Apple, há quem diga agora que este é o fim da Sony – um evidente exagero. Tanto na entrevista quanto no comunicado publicado em seu site (leiam aqui, em inglês), a empresa explica quais serão os próximos passos. A divisão Vaio está sendo repassada a um fundo de investimentos japonês, e a de TVs será desmembrada em duas: uma voltada para os produtos top de linha (telas grandes e 4K), que ainda são lucrativos, e outra focada nos modelos mais populares.

Esta segunda provavelmente será negociada com algum grupo chinês (dedução minha). Seria uma saída semelhante à da Philips, que vendeu fábricas e centros de pesquisa à chinesa TPV, licenciando sua marca em troca de royalties anuais. Como sabemos, a marca Sony é o ativo mais valioso do grupo japonês. Será interessante acompanhar as negociações em torno dela.

Aguardemos os próximos desdobramentos. Enquanto isso, para quem quiser um rápido histórico das agruras envolvendo a Sony nos últimos anos, são interessantes estes links:

Sony e a próxima geração de TVs

O primeiro ou o melhor?

A Sony precisa se reinventar

Vale a pena ler também o capítulo sobre Akio Morita no livro “Os Visionários – Homens que Mudaram o Mundo através da Tecnologia”, que pode ser encomendado aqui.

1 thought on “Sony: procura-se uma saída

  1. A SONY, como toda grande empresa que perde um grande líder (Akio Morita), sofreu de uma overdose de arrogância e admirável falta de bom senso comercial. Vou comentar, na qualidade de fã da marca, apenas um dos grandes erros modernos da poderosa SONY, que repetiu as mesmas falhas e absoluta falta de visão no lançamento do seu sistema Betamax, que perdeu terreno importante para o fraquíssimo sistema VHS da JVC, ficando o Betamax apenas para uso profissional até a pouco tempo. A SONY inventou o fabuloso sistema de áudio chamado SACD que garantiu iria acabar de vez com o pobre do CD, cuja resposta de frequência não passa dos 20.000hz com sérias limitações de dinâmica e relação sinal-ruido. Tudo bem, o seu sistema SACD, baseado no DSD, tem tudo isto de sobra, e agora abriu-se também para o multicanal (5.1) mantendo a mesma qualidade sonora, mas… Tem sempre um “mas…” A poderosa SONY criou uma série de exigências e problemas para licenciar a fabricação de “players e discos com DSD” fazendo com que o seu excepcional sistema de compressão de áudio sem perdas DSD (Direct Stream Digital – que também tem a participação do grupo Holandês PHILIPS), ficasse restrito apenas a um pequeno nicho de mercado dito HIgh-End, cujo DSD aparece também em alguns pouquíssimos Blu-rays Players de alta qualidade (OPPO, etc) mas com discos difíceis de serem encontrados e por preços indecentes. Se nem a própria SONY teve o bom sendo de colocar seu DSD em seus produtos de entrada ou mesmo nos mais caros, como poderia outros fabricantes, sem apoio mercadológico das gravadores (e das gravadoras da própria SONY) se arriscarem num negócio sem suporte do inventor? Além desse fracasso e SONY tem acumulado muitos outros por pura arrogância e absoluta falta de competência comercial e de marketing dos seus caríssimos executivos. Haja visto a petulância de venderem no Brasil o PS4 por absurdos R$4.000,00, o que acabou dando espaço para a concorrência do excelente XBox. Agindo assim é fácil perder dinheiro e credibilidade. Bye, Bye Sony, o mundo corporativo é dos espertos e competentes naquilo que fazem. Tenho vários produtos SONY, todos importados e de excelente qualidade intrínseca; um com mais de 25 anos de uso sem nunca ter dado um único defeito.

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