Quando se tem um inimigo e não se consegue derrotá-lo, a melhor saída é unir-se a ele. É o que dizem os manuais corporativos. No entanto, há uma solução mais segura ainda: comprar o inimigo! Devem ter pensado assim os executivos da Comcast, maior operadora de cabo dos EUA, ao arrematar esta semana a concorrente Time Warner por inacreditáveis US$ 44,2 bilhões.

O negócio já está causando barulho, com ONGs e entidades pró-consumidor alertando que será um “desastre” para o mercado. De certa forma, é mesmo: pelos dados de 2013, a Comcast lidera o ranking americano com 23 milhões de assinantes, seguida pela própria Time Warner, com 12 milhões. A seguir vêm Cox, Verizon e AT&T, cada uma com pouco mais de 4 milhões. Ou seja, se alguém considera o mercado brasileiro muito concentrado, é bom rever seus conceitos.

A menos que algo de muito inesperado surja nos próximos meses, dificilmente as autoridades de defesa da concorrência aprovarão a fusão da líder com a vice-líder. Mesmo assim, o caso é sintomático da situação em que se encontram as operadoras, inclusive as maiores do mundo. “Uma empresa como a Comcast hoje precisa pensar não apenas no mercado interno dos EUA, mas no mercado mundial”, diz um analista do setor, entrevistado pela CNN. “Eles querem competir não com as outras operadoras, mas com Google, Amazon e Apple.”

Em tempo: a Comcast é hoje o maior conglomerado de mídia do planeta, com ativos calculados pela revista Fortune em cerca de US$ 160 bilhões. Esse patrimônio inclui a rede de TV NBC, os estúdios Universal Pictures, os parques da Universal (em Orlando e Los Angeles), a produtora MGM e seu fantástico catálogo de filmes, cerca de 20 canais de TV paga e também franquias de times de hóquei e futebol americano. Uma potência tão grande que, nos últimos anos, fez do grupo um dos mais odiados pelos consumidores americanos, campeoníssimo em queixas quanto à má prestação de serviços.

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