Como faz todo início de ano, a CEA (Consumer Electronics Association), que representa mais de 2 mil empresas do setor, divulgou recentemente um estudo sobre o mercado de eletrônicos. Só que desta vez virou o foco para as mudanças de comportamento dos consumidores americanos, que servem como referência para os de outros países (embora não sejam exatamente iguais).

A pesquisa (leiam a notícia aqui) é mais uma a indicar que não, não é bem assim, a internet não está “matando” as outras mídias, como alguns anunciam. Ao contrário, em certo sentido o avanço das chamadas “novas mídias” até reforça as tradicionais, já que tudo – ou quase tudo – gira em torno do consumo de conteúdo. Mudam, sim, as formas de acesso, e claro que atualmente muita gente procura seus conteúdos preferidos através de dispositivos móveis, o que por si só já pode ser considerado uma revolução.

Mas vejam só: diz o estudo Video Content Discovery and Purchasing Trends, da CEA, que 79% dos adultos americanos acessam conteúdos de vídeo – filmes, shows, séries, esportes, documentários etc. – nos canais de televisão, aberta ou fechada. Mais: 77% ainda preferem ver filmes em discos DVD ou Blu-ray, contra 24% que aceitam pagar para assisti-los via streaming (tipo Netflix) ou download. Outro dado interessante: 50%, quando querem ver um filme ou série, procuram nas emissoras, e apenas 27% fazem a busca em sites (aliás, sites das próprias emissoras).

Esses números batem com outros, divulgados há mais tempo (estou procurando as atualizações), que indicam que a maior parte dos conteúdos acessados e compartilhados na internet, inclusive via redes sociais, tem origem na chamada “grande mídia”: jornais e revistas de maior circulação, rádios e TVs de grande audiência, ou os veículos mais tradicionais. Exatamente os principais responsáveis pela produção de conteúdo.

Sempre que surge esse assunto, lembro como tem sido a evolução da tecnologia e das comunicações ao longo das décadas (quando falamos em meios eletrônicos, é coisa de não mais do que 100 anos). Quando surgiu o cinema, temia-se que fosse “matar” o teatro; quando inventaram a televisão, o pessoal do cinema entrou em pânico; mais tarde, quando veio o videocassete (e com ele a possibilidade de assistir a filmes em fita magnética), o temor era de que isso acabaria com a audiência das emissoras. O mesmo se dá agora com a internet.

Continuo achando que nossa garotinha de 25 anos de idade não vai matar ninguém; apenas quer (aliás, precisa) conviver harmoniosamente com seus irmãos e primos que chegaram antes.

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