Falando em Copa do Mundo, continuamos sem saber se haverá redes de telefonia e internet nos estádios. Quando abordamos o tema aqui, em janeiro, havia a expectativa de que se chegasse a um acordo para instalar, como seria necessário e mais do que recomendável, redes Wi-Fi em todas as cidades-sede, pelo menos no entorno dos estádios. Era tarde, mas com bom senso e boa vontade haveria tempo para tirar o atraso. As operadoras pediam 120 dias para colocar tudo funcionando.

Hoje, a quase 20 dias da abertura do evento, por incrível que pareça, a situação é exatamente a mesma. Diz o site Convergência Digital que nenhuma operadora ainda teve acesso aos estádios para poder instalar os equipamentos. Seus técnicos simplesmente não podem entrar. E a explicação é bem brasileira: os administradores dos estádios – clubes, em sua maioria – querem eles próprios oferecer o serviço e, claro, cobrar por ele. Assim, se um jornalista que estiver cobrindo um jogo quiser enviar textos ou fotos para seu país, terá que pagar. Se alguém, no meio da torcida, quiser fazer fotos e enviar para o Facebook, como é tão comum hoje em dia, idem: só pagando.

Talvez não seja o caso de classificar a atitude como mesquinha. Faz parte do “jeitinho brasileiro” a famosa arte que querer levar vantagem em tudo. Depois de tantas viagens cobrindo eventos no Brasil e no Exterior, já me habituei com as dificuldades de comunicação – seja aqui, no Japão ou na Alemanha. Grandes eventos provocam aumento súbito da demanda, e não há como atender todo mundo satisfatoriamente (mais detalhes aqui). O que nunca vi foi o organizador do evento querer cobrar pelo telefone e pela internet. E pior: na última hora, de surpresa, quando aqueles que mais precisam se comunicar não tiverem outra saída.

Depois reclamam quando a imprensa internacional faz piada sobre o Brasil!

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