Em meio às idas e vindas da política e da economia, o governo federal anunciou na semana passada aquilo que deveria ser óbvio: caberá à Anatel coordenar a transição da TV analógica para o padrão digital. Digo “deveria”, porque até meses atrás o Palácio do Planalto relutava em deixar o assunto nas mãos da agência reguladora, como se esta não existisse. A questão agora é negociar o calendário do chamado switch-off com as grandes redes de televisão, a quem competirá fazer tudo funcionar.

Embora haja um cronograma já estabelecido, que prevê o desligamento de todos os transmissores analógicos até 2018, pouca gente no mercado acredita que isso seja factível. Vale lembrar que 2018 será ano de eleições presidenciais, e o sucesso ou fracasso da transição pode influenciar na campanha.

Há diversos pontos em aberto e, do ponto de vista político, a última coisa que o governo deseja é entrar em atrito com as emissoras. Só um exemplo: o Ministério das Comunicações tem o plano de distribuir gratuitamente conversores de TV digital a cerca de 12 milhões de cadastrados no Bolsa Família. De onde sairá o dinheiro para isso?

O excelente repórter Luis Osvaldo Grossmann, do site Convergência Digital, fez um interessante resumo dessa novela. Os personagens nem sempre aparecem claramente. E os capítulos mais emocionantes ainda estão por vir.

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