narcosBarry Enderwick, um ex-executivo da Netflix, hoje consultor na área de mídia, escreveu há poucos dias que a maioria das redes de televisão americanas, e as empresas de mídia em geral, ainda não entenderam a verdadeiro revolução que está por trás desse serviço. Netflix, diz ele, não veio para competir com nenhum canal de TV, mas para “substituir” a própria televisão.

Exagero? Vamos lá. O artigo cita que o atual diretor de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos, foi de certa forma arrogante ao afirmar que a série Narcos, se fosse exibida por uma emissora convencional, teria mais audiência do que Game of Thrones, hoje o maior sucesso da TV paga mundial. Narcos, como se sabe, é uma série bancada pela Netflix e só ali pode ser assistida. Sarandos não falou em números: a empresa não divulga quantas pessoas assistem a seus conteúdos. Por isso, logo foi contestado por dois executivos de emissoras, que acusam o serviço de “falta de credibilidade”.

O artigo original, em inglês, está aqui. Mas tomo a liberdade de reproduzir partes abaixo, lembrando que essa polêmica está apenas no início. Netflix é tão contestado nos bastidores da TV quanto é o Uber entre os taxistas, mas nada existe que possa ser feito a respeito. No entanto, é valioso analisar os dados utilizados pelos dois lados (o autor do texto claramente se coloca contra as redes de TV), e observar como estas planejam reagir.

“É interessante ver os executivos das redes de TV, ainda atrelados aos velhos métodos de medição, entrarem numa discussão do tipo o-meu-é-maior-que-o-seu. O que Sarandos fez foi simplesmente extrapolar a audiência do Netflix e tirar uma conclusão sobre o que isso significa para a audiência global. Mas esses caras não estão entendendo: só conseguem pensar em sucesso em termos de tamanho da audiência.

“O problema é que Netflix não é TV tradicional. As redes de TV, sim, precisam comprovar seus números e conhecer o perfil do público para poder cobrar dos anunciantes. Netflix não se baseia nesses critérios. Sua receita vem da venda de assinaturas, tanto faz se o público é mais jovem ou mais velho. Se esta ou aquela série é mais assistida por uma determinada faixa de pessoas, não faz diferença. Eles analisam se a série ou filme irá conquistar a atenção dos assinantes e levá-los a sugerir esse conteúdo a outros possíveis assinantes.

“Netflix não precisa que uma determinada série bata recordes de audiência.  Na prática, o serviço redefiniu o próprio conceito de “sucesso”. E está crescendo no mundo inteiro com conteúdos apropriados aos gostos individuais de seus assinantes.

“Graças ao uso inteligente dos dados dos usuários, Netflix está conseguindo não apenas produzir conteúdo original de boa qualidade, mas produzir uma incrível quantidade de conteúdos que estão disponíveis no mundo inteiro. Enquanto os executivos das redes discutem quem tem mais audiência na faixa de 18 a 49 anos (vejam aqui), Netflix está trabalhando em algo muito maior; não está tentando substituir este ou aquele canal, mas substituir a própria televisão.”

“Em tempo: infelizmente, não tenho mais nenhum vínculo, nem interesse financeiro, com a empresa Netflix.

2 thoughts on “Quem é que entende o Netflix?

  1. Totalmente de acordo com a NETFLIX. É como citado no texto: “produz uma incrível quantidade de conteúdos” e o que é melhor, com baixíssimo custo para o consumidor se compararmos com as TVs por assinatura.
    É o que tem de melhor na televisão brasileira!

  2. Concordo com o colega, porém quando assinamos a Netflix, tendo como proposta uma locadora virtual, a Netflix peca por não disponibilizar filmes em lançamento (a grande maioria é de filmes antigos). Todavia, se optarmos pelas séries, aí sim a Netflix é um fenomeno e isso incomoda a concorrência.

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