Quase ao mesmo tempo, duas notícias com impacto direto nos mercados de mídia e entretenimento americanos e, portanto, mundiais. Na 6a feira, foi confirmada a venda do grupo Time Warner à AT&T, operadora de telecom que já detém o controle da DirecTV (TV paga). E, no fim de semana, The Wall Street Journal – que dificilmente erra nessas coisas – deu um furo mundial ao anunciar um acordo entre  a rede de TV CBS e a Google Inc., que está criando um serviço pago de streaming para distribuir conteúdos das emissoras (negocia ainda com NBC, ABC e Fox).

São iniciativas que vão demorar para ter efeito prático. A primeira, inclusive, pode ser desfeita pela FCC (a Anatel dos EUA), porque há dúvidas sobre se um grupo de telecom (no caso, AT&T) pode controlar uma produtora de conteúdo. No ano passado, o órgão vetou a venda da TW à Comcast; a legislação do país não é específica sobre esse tipo de negócio, e a decisão será, antes de tudo, política. De qualquer modo, os dois acordos podem ser enquadrados na verdadeira revolução que atinge o segmento de mídia no mundo inteiro.

Como bem lembrou o colega Renato Cruz, em seu blog sobre tecnologia, as emissoras vêm continuamente perdendo audiência, enquanto as teles, só em 2015, tiveram queda de 8% no faturamento com chamadas de voz (no caso de celular, o tombo foi de 50% – salve Whatsapp). Recentemente, a Yahoo!, ícone da internet pré-Google, foi comprada pela Verizon, outra tele gigante. Ou seja, operadoras querem deter o controle do conteúdo, hoje de posse das emissoras, que precisam exibir essa produção a mais pessoas, que por sua vez se afastam da grade linear e mergulham na internet. Tudo faz sentido.

Só para ficar mais claro: a Time Warner é dona de Warner (cinema e TV), Turner (CNN, Cartoon, TNT e, no Brasil, Esporte Interativo) e HBO. Entre as maiores teles, destacam-se:

AT&T – Ainda a maior do mundo, em faturamento;

Verizon – Maior dos EUA em celular;

Comcast – Dona da NBCUniversal e da AOL.

Em tempo: outro brilhante colega, Samuel Possebon, analisou a venda da Time Warner sob o ponto de vista brasileiro. Afinal, a AT&T controla a Sky, que pertence à DirecTV. Mas aqui, diz ele, dificilmente negócios como esses irão sair tão cedo, porque a legislação protege mais as emissoras (leiam seu artigo).

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