Ainda é cedo para dizer se a nova plataforma da Google para TV irá decolar. Mas há boas razões para crer que o YouTube TV vai incomodar muitas forças estabelecidas no mercado de mídia. A começar do fato de ser baseado no maior database do planeta, com mais de 1 bilhão de usuários ativos, dos quais a empresa sabe literalmente tudo. No mundo do big data, isso não é pouco.

No plano apresentado nesta terça-feira, YouTube TV é apresentado como um “canal” independente, com mensalidade de 35 dólares, oferecendo cerca de 40 canais, incluindo os principais da TV americana atualmente. O assinante vai poder escolher canais adicionais, pagando um pouco mais, além de gravar seus programas preferidos, que ficarão armazenados “na nuvem” do YouTube.

Bem, é mais ou menos isso que oferecem hoje no Brasil serviços como Now e o próprio Netflix. O desafio é fazê-lo sem as travas de uma banda larga deficiente, com guia de programação ágil e atualizado e, claro, qualidade de imagem HD (no mínimo). Mesmo nos EUA, as tentativas lançadas até agora patinam: SlingTV, da fabricante de satélites Dish; DirecTV Now, da AT&T; e PlayStation Vue, da Sony. Especula-se que Amazon e Facebook, entre outros, planejam suas respectivas plataformas OTT com conteúdos de TV ao vivo.

Se há alguém atualmente em condições de disputar esse jogo pra valer, é o pessoal da Google. Ao site especializado Business Insider, o executivo Neal Mohan, responsável pela programação do YouTube, lembrou que o grupo analisa sua plataforma de TV há três anos. Nesse tempo, vem coletando bilhões de dados sobre seus usuários, a maioria formada por pessoas que não gostam da TV tradicional. “Temos uma enorme quantidade de informações para trabalhar, no sentido de criar uma experiência valiosa, e sem falhas”, disse Mohan, cutucando os concorrentes.

Aqui mesmo no Brasil, tivemos esta semana uma pequena amostra de como seria esse mundo online na TV. Um jogo de futebol (Coritiba x Atlético, clássico paranaense) foi suspenso quando descobriram que seria transmitido ao vivo pelo YouTube. Pressionados pela emissora que detém os direitos de TV, cartolas da Federação simplesmente não deixaram a partida acontecer; após intensas negociações, finalmente o jogo foi liberado para YouTube e Facebook, indicando que se trata de um caminho sem volta. Se grande parte do público prefere assistir na internet (leia-se: no smartphone, tablet, notebook etc), é inútil tentar impedir.

Não por acaso, duas das primeiras marcas contratadas pela YouTube TV são Fox Sports e ESPN, fontes contínuas de material ao vivo. E, como lembra outro analista citado pelo Business Insider, Google hoje é uma máquina de publicidade, que pode levar seu modelo de anúncios para a plataforma TV online. Pode ser pouco hoje, mas assim era o AdSense quando nasceu, no início da década passada. E vejam no que se transformou. 

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