Se já é complicado quando se tem no governo técnicos responsáveis e competentes, imaginem agora! A novela do switch-off da TV analógica – que está no ar, aliás, desde 2007 – é estrelada por atores e roteiristas mais preocupados com seus compromissos políticos e/ou financeiros. E o atual do ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, é apenas mais um a somar numa lista em que brilharam, anos atrás, Helio Costa, Paulo Bernardo e Ricardo Berzoini. Todos eram políticos, só isso, lixando-se para o futuro tecnológico do país.

Na próxima semana, Kassab terá de decidir sobre o enésimo adiamento (ou não) do prazo para desligamento dos transmissores analógicos na praça de São Paulo, a mais importante (comercialmente) do país. As pressões se intensificaram nos últimos dias. Se optar pelo consenso entre os segmentos do mercado, Kassab terá que apagar do calendário a data estipulada (29 de março), por inviável. Chutaria para julho, talvez, mas há quem aposte em algo como setembro…

Na semana passada, a Abert, que representa as emissoras, oficializou sua posição pelo adiamento. Se confirmada a data de 20/03, diz o comunicado, cerca de 900 mil famílias ficarão sem sinal de televisão. A justificativa é que não há tempo para distribuir os kits gratuitos conforme o planejado (vejam aqui os detalhes). Descobriu-se agora que o mínimo de 93% de domicílios, exigido pelas emissoras no início do cronograma, não se aplica a São Paulo e às outras 38 cidades paulistas programadas. Faltam apenas 7%, mas isso na prática corresponde a mais de 1 milhão de residências. Nenhuma emissora quer perder esses telespectadores, por um dia que seja.

Por trás de tudo está a disputa com as operadoras, que tentam garantir, o quanto antes, a liberação das frequências para poderem lançar seus novos serviços de celular 4G; de quebram, buscam repassar ao governo a conta da distribuição dos receptores.

A Anatel bate o pé pelo 29/03, mas sem a menor força política – e a esta altura também sem argumentos técnicos aceitáveis, já que participou de todo o processo. E Kassab, a quem cabe a palavra final, está de olho em sua campanha para o governo do Estado em 2018. 

Para quem se interessa pelo tema, uma boa leitura é este artigo de Samuel Possebon, do site Converge.com. 

1 thought on “Switch-off: mais pressão sobre o governo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *