Usando muito o Uber ultimamente, percebi algo em comum entre muitos motoristas: eles simplesmente não sabem aonde estão indo. Ligam o GPS, habitualmente num aplicativo do tipo Waze, e “desligam” a cabeça. Vai daí que quando o app está com problema os “ubeiros” não sabem o que fazer, cabendo então ao passageiro explicar-lhes o caminho.

OK, a vida não está fácil pra ninguém, mas é justo cobrar um mínimo conhecimento sobre as ruas da cidade, pelo menos de alguém que se dispõe a trabalhar transportando pessoas por aí. Mas talvez o problema seja mais comum do que se imagina. Segundo a conceituada revista científica americana Nature, notícia replicada em vários sites na semana passada (leiam aqui), um estudo feito por cientistas britânicos com 24 voluntários mostrou que, usando GPS, o cérebro desliga o hipotálamo e o córtex pré-frontal. Essas são as regiões que nos controlam, respectivamente, a memória e a tomada de decisões.

Os cientistas ligaram sensores às cabeças dos voluntários, com estes em simuladores percorrendo virtualmente as ruas do bairro Soho, em Londres. Com GPS desligado, o sistema registrou intensa atividade dos neurônios, atividade essa que desaparecia ao ligar o navegador.
 
Será que, portanto, nossos cérebros deixam de funcionar quando não são solicitados? Sim, diz o coordenador da pesquisa, Hugo Spiers. Mas, não apenas isso: quando o navegador falha, o cérebro fica “perdido” por falta de uso. Para quem ficou curioso, este é o link original onde colhi a notícia.
 
Não chega a ser surpresa para quem leu Mentes Superficiais – O que a Internet está Fazendo com Nossos Cérebros, livro publicado em 2011 pelo pesquisador Nicholas Carr, e cujo título é autoexplicativo. A inatividade dos neurônios (quando eles existem) parece endêmica, também, entre pessoas que se valem da internet para espalhar tantas mentiras, “denúncias” e aberrações que se tem visto. Pelo visto com os motoristas ingleses, e muitos do Uber e similares, o que o GPS está fazendo, boa coisa não é. 

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