Basta dar um Google e digitar, por exemplo, a palavra “Simba” para ver que está ocorrendo uma guerra de informação – e desinformação – entre emissoras de TV abertas e operadoras de TV paga em torno da questão do sinal digital. Aos telespectadores, de pouco adianta neste momento tentar saber o que acontece nos bastidores; as decisões podem mudar de uma hora para outra, e os sites ditos “especializados” divulgam o que lhes convém. Uma exceção é a coluna de Daniel Castro no UOL, que fez um bom resumo da história.

Oficialmente, a Vivo/GVT é a única operadora autorizada a transmitir para seus assinantes os sinais das redes Record, SBT e Rede TV. Quem mora na Grande São Paulo e assina NET/Claro, Sky ou Oi só tem acesso àqueles canais se tiver uma antena de TV aberta e um televisor com receptor digital. Só que não. Usuários de DTH (TV via satélite) conseguem captar os sinais em posições diferentes da grade. Em algumas localidades, a mudança sequer foi percebida. Será preciso esperar mais para saber até que ponto as pessoas sentem falta dos três canais – que, aliás, alugam boa parte de seus horários a igrejas e empresas de televendas.

Nos últimos dias, a polêmica entre emissoras e operadoras ganhou espaço na mídia quase como se fosse caso de polícia. Telejornais das três levaram ao ar “reportagens” denunciando, por exemplo, que o atendimento da Sky é campeão de reclamações, incluindo depoimentos de supostos assinantes decididos a cancelar seus pacotes. As operadoras, por sua vez, colocaram na tela comunicados sobre a intransigência das redes abertas, que “de repente” teriam decidido cobrar por algo que sempre foi gratuito.

A Simba – empresa formada pelas três emissoras para negociar acordos com as operadoras – divulgou que somente a Vivo aceitou conversar. Mas, na sexta-feira, dez dias após o desligamento “oficial” dos transmissores analógicos, informava através de alguns sites que a operadora espanhola teria voltado atrás e que, agora, a Net/Claro é que se tornou mais flexível. Com exceção da Sky, que emitiu nota para dizer que não aceita negociar, as operadoras só falam oficialmente através de sua entidade representativa, a ABTA (vejam o site).

Para se ter ideia de como o assunto é tratado na mídia, vejam o que saiu no site Último Segundo, do iG, sob a manchete “Operadoras Net, Claro, Sky e Embratel perdem mais de 1 milhão de assinantes”: “…assinantes estão optando por cancelar o serviço de TV pago, dando preferência ao conteúdo nacional e de boa qualidade oferecido pela Record, RedeTV! e SBT, gratuitamente“. Vale a pena repetir: “conteúdo nacional e de boa qualidade”!!!

Curiosa foi a atitude da Band, que assim como a Globo já tem acordo antigo com as operadoras (o grupo também é dono de serviços de TV por assinatura): seu departamento de Jornalismo (!!!) foi acionado para produzir conteúdos contra as concorrentes, como se vê aqui. Revela, inclusive, que a Simba pede às operadoras o valor de R$ 15 por assinante, ou seja, a Sky – que segundo a Anatel tem atualmente 2 milhões de clientes em SP – teria de lhes pagar R$ 30 milhões. Repassaria esse valor aos assinantes? Vejam dados atualizados sobre o mariet-share de cada operadora.

Mais notável ainda, como lembra o colega Samuel Possebon, é que toda essa confusão resulta de uma falha na própria legislação: as operadoras não poderiam ter cortado os sinais sem avisar os assinantes com 30 dias de antecedência. Mas foram obrigadas a isso por uma notificação da Anatel (leiam e vejam se conseguem entender o imbroglio). E agora?

1 thought on “Emissoras vs operadoras: guerra de informações

  1. Ora,os canais abertos não vivem dos anúncios comerciais?

    Se querem cobrar do espectador pelo conteúdo,deixam de ser canais abertos para se tornarem canais pagos…

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